«NBA e a EuroLiga têm de conversar para serem viáveis. É um problemas de egos. Uma loucura!»

Antigo árbitro internacional de futebol, que esteve em Europeus e Mundiais e apitou Portugal, Antonio Lopéz Niéto, diz que sabe que o Unicaja Malaga, que preside, nunca integrará a NBA Europa por não estar num grande mercado do velho continente, mas avisa que será difícil sobreviver se não houver um entendimento entre aquelas que deverão passar a ser duas duas liga mais importantes de basquete no velho continente e o seu clube, hoje na Liga dos Campeões, até já pertenceu a uma

Antonio Lopéz Niéto, de 67 anos, presidente do clube Unicaja Malaga, da Liga ACB espanhola, ainda não está seguro até onde a sua equipa irá no campeonato esta temporada (7.ª, 7 v-5 d), este domingo voltou a perder contra o Real Madrid (91-82), nem se terá capacidade para voltar a conquistar a Taça do Rei. Mas de uma coisa o ex-árbitro internacional de futebol, tem a certeza: o clube, apesar do seu prestigio, não integrará o lote dos desejadas para a NBA Europa. E nem sequer é porque não pudesse vir a desejá-lo.

«A Unicaja nunca irá ser uma NBA [Europa] franchise, porque isso será para as cidades muito grandes, com modelos de negócio em lugares como Madrid, Barcelona, Istambul, Paris…. Alguns dos que serão os clubes permanentes e terão de pagar, segundo informações, 500 milhões de euros ao longo de dez anos, com contrato de televisão», foi afirmando Lopéz Niéto numa entrevista à rádio Cadena Ser.

Na primeira época, a NBA Europa, que deverá arrancar em 2007, pretende contar com 16 equipas, 12 delas permanentes, mas que se manterão a disputar os respectivos campeonato nacionais, tal como já acontece na EuroLiga, EuroCup, Liga dos Campeões e Taça Europa. Esta duas últimas, onde o Benfica tem marcado presença nas últimas épocas na primeira enquanto FC Porto e Sporting têm disputado a segunda, são da responsabilidade da FIBA.

«Então haverá quatro vagas pelas quais as restantes equipas que competem na Liga dos Campeões, ou através de ligas nacionais, poderão classificar-se a cada temporada. Serão quatro vagas e esse será o objetivo», acrescentou.

Lopéz Nieto teme ainda que a falta de acordo entre a NBA Europa/FIBA e Euroliga venha a prejudicar o basquete europeu e acredita que seja pouco viável a existência de cinco competições de clubes no continente.

 «Ainda não sei de que forma será o quadro das normas, mas o que eles têm defendido é que, se jogarmos na competição da NBA durante um ano, as receitas financeiras serão semelhantes ou, pelo menos, comparáveis às das equipas permanentes. Isso não acontece na EuroLiga, e não sei quem irá abandonar esta».

«Seria um erro para ambas sobreviverem — precisam chegar a um acordo sólido de forma a que o basquetebol possa organizar o seu mapa, o mais desorganizado de todos as modalidades, porque não pode haver quatro ou cinco competições europeias», salientou ainda o dirigente malaguenho.

«As pessoas ficam confusas, dividimos os interesses, os jogadores ficam sobrecarregados com jogos e as lesões irão acontecer com bastante maior frequência. E com tantos jogos, será muito difícil conseguir encher os pavilhões a cada dois dias. Não é economicamente viável, é uma loucura. É um problema de egos», considera.

«Todas as partes devem sentar-se e usar o bom senso para criar um sistema de basquetebol lógico, com uma competição principal que tenha, digamos, controlo financeiro e um retorno real. E uma segunda competição forte que permita a entrada na NBA ou na EuroLiga, ou qualquer que seja o nome. Isso seria o lógico a fazer, com uma estrutura mais coerente», analisou ainda Antonio Lopéz Niéto.

Em 2024/25 o Unicaja venceu a Liga dos Campeões pela segunda temporada consecutiva, ganhou a Taça do Rei e foi semifinalista na ACB. Mas se agora López Nieto tem receio que a NBA Europa possa ser prejudicial para as competições europeias de clubes, ao longo de 15 épocas, entre 2001/02 e 2015/16, o Unicaja também deixou as provas da FIBA para disputar os então separatistas da EuroLiga.

Competição em que chegou a atingir a final four em 2006/07 e se manteve até cair para a Eurocup em 2016/17, sagrando-se campeão logo na estreia. No entanto, a partir de 2021/22, a formação de Málaga regressou à mais acessível Liga dos Campeões, tendo conquistado o troféu nas duas últimas edições.

A Euroliga surgiu devido a uma guerra pela organização desportiva e controlo financeiro, como uma mais distribuição de receitas, desejado por alguns dos principais clubes europeus que atuavam na Liga dos Campeões. Assim, em 200/01 separaram-se da FIBA e curaram a sua competição.

Madrid, Barcelona (Espanha), Paris, Lyon (França), Milão, Roma (Itália), Atenas (Grécia), Istambul (Turquia), Munique, Berlim (Alemanha), Londres e Manchester (Grã-Bretanha) têm sido apontadas como cidades mais desejadas, e que desejam, integrar a primeira temporada da NBA Europa.

O próximo passa, de forma a intensificar oficialmente a seleção e preparação da competição deverá ser dado em janeiro, quando Orlando Magic e Memphis Grizzlies realizarem dois jogos oficiais da fase regular em Berlim (dia 15) e Londres (18) e que juntará o commissioner da NBA Adam Silver e o presidente da FIBA Europa Jorge Garbajosa, e nos quais se espera que compareçam vários responsáveis de alguns dos principais clubes europeus