Leila Pereira, presidente do Palmeiras, descreve Abel Ferreira como «o melhor treinador da história» do clube paulista
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, descreve Abel Ferreira como «o melhor treinador da história» do clube paulista - Foto: IMAGO

Leila descobriu telefone do Palmeiras no Google e hoje é líder incontestada

Presidente, que decidiu patrocinar o clube num «pequeno-almoço de sábado», é tão 'pop star' como os jogadores. E chamada, como o outro, de 'fenómeno'. E anuncia, sem medo: «Vim para o Palmeiras para torná-lo campeão do mundo!»

Na manhã de 17 de janeiro de 2015, um mês e dez dias depois de o Palmeiras ter evitado a descida à Série B só na última jornada do Brasileirão e graças à ajuda de terceiros, o casal milionário dono da agência financeira Crefisa tomava o pequeno almoço em casa, quando ela, Leila Pereira, propôs a ele, José Roberto Lamacchia, patrocinar o clube do coração para deixar de sofrer com tanto resultado negativo. Dez anos depois, o verdão é um dos grandes dominadores do futebol brasileiro e sul-americano com Leila, 61 anos, como presidente, como pop star, como fenómeno.

«O Beto tinha saído de uma situação complicada de saúde», lembrou a própria à ESPN Brasil, «e eu, para animá-lo, disse ‘tenho a certeza de que conseguimos ajudar o Palmeiras'». Com a anuência do marido, de 78 anos, palmeirense fanático que fundou a Crefisa em 1966 com o dinheiro da venda de um banco do pai, depois a Faculdade das Américas e, em seguida, mais 12 empresas, o passo seguinte de Leila foi ligar para o clube.

«Eu não tinha o telefone, peguei o número no Google, liguei e disse ‘aqui é a Leila Pereira, sou presidente da Crefisa e quero patrocinar o Palmeiras’, a mulher não acreditou e bateu o telefone na minha cara», conta a quinta mulher mais rica do Brasil, segundo a Forbes. «Aí liguei de novo e pedi o telefone do gestor de marketing da época. Ele achou que fosse uma partida, mas, na situação em que o Palmeiras estava, resolveu pagar para ver. Ligou para o presidente, ligou-me de volta e marcou um encontro às 16h daquele mesmo sábado na Academia Futebol. Fomos eu, o meu marido e um advogado amigo nosso.»

O resto é história - uma história de milhões (a Crefisa terá investido o equivalente a 160 milhões de euros no clube), e de sucesso (duas Libertadores e três edições do Brasileirão, entre outros títulos na nova era).

O casal, que se conhece desde uma festa em Ipanema, no Rio de Janeiro, tinha Leila, então jovem estudante de jornalismo, 18 anos e Beto, já empresário, 34, começou por ajudar a contratar Dudu, que já havia sido como certo nos rivais São Paulo e Corinthians, na altura muito mais ricos do que o Palmeiras, a que se seguiram dezenas de atletas. Mas a Leila, chamada de «Tia Leila» pelos adeptos, não bastou o papel de mecenas - em 2017, foi eleita conselheira do clube e, em 2021, presidente, com 88% dos votos, entregando o patrocínio master à casa de apostas Sportingbet.

«Nascia um fenómeno», escreveu o diário argentino Olé, em perfil sobre a única mulher na presidência entre todos os 32 clubes participantes no Mundial de Clubes de junho, «e uma pop star», por ser a dirigente brasileira mais seguida nas redes sociais.

Poderosa no Palmeiras e no Brasil, mostrou as garras nas Américas ao atacar Alejandro Domínguez, o líder da CONMEBOL que cometeu gafe absurda ao dizer que «uma Libertadores sem os brasileiros seria como ver o Tarzan sem a Chita», depois dos clubes locais terem ameaçado boicote por culpa de casos de racismo.

E depois das Américas, ambiciona o Mundo. «Vim para o Palmeiras para torná-lo campeão do mundo. É o meu sonho e não importa quanto tempo leve. Eu vou conseguir», disse a presidente que considera Abel Ferreira o «melhor treinador de sempre do clube» e o quer ao lado «enquanto ele se sentir feliz».

A ambição, os títulos e a generosidade de Leila, que ofereceu ao clube até um avião, não a colocam a salvo da exigente torcida palmeirense - é criticada por, supostamente, ser adepta do Vasco da Gama. «Eu? Não, o meu pai e os irmãos todos sim, mas eu não, e a minha mãe só torce por mim…», garantiu, num momento em que a Crefisa foi especulada como investidora do Vascão.

Neste sábado pode deixar os palmeirenses eufóricos (e os vascaínos felizes) se vencer o Flamengo na final de mais uma Libertadores.