João Almeida: «Ganhar uma grande Volta é o meu sonho»
João Almeida deu longa entrevista à revista espanhola Ciclismo a Fondo. No arranque da pré-temporada com a UAE Emirates - a quinta na formação dos Emirados e a sétima no total em equipas WorldTour, depois de dois anos na Quick-Step - o melhor ciclista português da atualidade regressou às origens da sua rápida ascensão no pelotão internacional.
Ainda assim, começou pelos tempos mais recentes, abordando aquele que foi o seu ano mais vitorioso, embora também marcado por contratempos: 2025.
Em início de pré-temporada com a UAE Emirates, João Almeida fez um balanço do ano mais vitorioso da sua carreira, apesar de marcado por uma queda dura no Tour. «Consegui muitas vitórias muito boas. Sinto que dei um salto este ano», afirmou o ciclista português, destacando que nada do que alcançou o surpreendeu: «Sou um ciclista que sabe o que tem nas pernas.»
A queda no Tour
A lesão sofrida na 7.ª etapa da Volta a França continua a deixar marcas. «Acho que poderia ter feito muito bem… Foi doloroso deixá-los tão cedo», confessou. O momento do impacto foi revelador: «Senti imediatamente que tinha sido uma queda muito forte… Quando vi que tinha uma costela partida, foi impossível continuar.» Ainda assim, insistiu em tentar: «Sabia que estava a tentar o impossível, mas queria tentar.» E acabou por reconhecer: «Não podia fazer mais nada, não sou Deus (risos).»
A influência de Pogacar
João Almeida não esconde a admiração por Tadej Pogacar, com quem partilha a liderança da UAE Emirates. «Fazes parte da história quando estás com ele; para mim, é o melhor ciclista de sempre… Ele é um extraterrestre», elogiou. A convivência diária com o esloveno funciona como estímulo: «A minha motivação todas as manhãs é ser a melhor versão de mim mesmo.»
As vitórias de 2025
Almeida destacou a Volta ao País Basco e a Volta à Suíça como momentos-chave. Sobre esta última, recorda o difícil triunfo: «Comecei a pensar: Caramba! Onde é que vou recuperar estes três minutos? Mas consegui.»
Define-se como «consistente, um lutador» e admite que cada vitória tem significado próprio.
Rui Costa, o ídolo de infância
O português recordou ainda as origens no ciclismo, que começou «sem grandes planos». Rui Costa foi sempre a referência: «Lembro-me de ter um poster enorme dele no meu quarto.» Anos depois, correram juntos: «É incrível que um dos teus ídolos seja o teu companheiro de equipa.»
Os anos de dificuldade
Nem sempre o caminho foi fácil. «Foi o ano mais importante da minha vida», diz sobre o período em que esteve em Itália, longe de casa. Houve momentos de quase desistência: «Liguei à minha mãe a chorar… já não queria mais ser ciclista.» A mãe teve um papel determinante: «Experimenta, e se não gostares, volta para casa.»
O grande objetivo
Depois de pódios no Giro e na Vuelta, o sonho mantém-se intacto: «Ganhar uma grande volta, qualquer grande Volta, é o meu sonho.» Entre os melhores momentos, destaca a vitória no Angliru: «Foi um dia inesquecível… Para mim, o Angliru é a subida mais difícil do mundo.»
O que esperar de 2026
João Almeida deverá abrir a época na Figueira Champions Classic e na Volta ao Algarve. A presença no Tour parece praticamente garantida. Resta saber se a segunda grande volta será o Giro ou a Vuelta, onde o português ambiciona transformar «um segundo lugar num título inédito».