Harder, falta de estrelinha e convicção no bicampeonato: tudo o que disse Rui Borges
Antes de responder às perguntas dos jornalistas, Rui Borges fez questão de deixar uma mensagem: «Quero deixar os meus sentimentos à família do senhor Aurélio [Pereira], que foi uma figura que mudou a forma como se faz scouting e encontrou grandes jogadores.»
- Foi tema durante os últimos dias as suas palavras em relação a Harder após o jogo com o SC Braga.
- Para mim é um não assunto. Podia ter usado outras palavras para falar, mas jamais foi em tom de crítica. Foi um desenrolar de perguntas na conferência em que estava a justificar que, naquele momento, precisávamos de jogadores que tranquilizassem, e que se ele entrasse era para extremo, que não é a posição dele, jamais foi em tom de crítica.
- Teve alguma conversa com o jogador? Se sim qual foi a reação dele?
- A reação dele foi boa, fez uma semana de treinos alegre e intensa. Tive uma conversa com ele, mas ele conhece o treinador, sabe bem que tenho carinho para com ele, tal como com todos, mas foi só para ele não poder pensar que não era dessa forma, fiz questão de falar com ele. Super tranquilo, falei para que não sentisse que era em modo de crítica. O treinador precisa dele para aquilo que será o final do campeonato.
- Sente que perdeu o balneário? Falou com todos os jogadores?
- Isso é ridículo. Não é conversa para mim.
- Perdeu a liderança. Sente-se um treinador mais fragilizado?
- Sou um treinador super confiante. Quando cheguei estávamos em segundo, em três meses e meio é a primeira vez que perdemos a liderança, por isso, jamais pensaria de outra forma, estou otimista, confiante sobre o futuro e a equipa igual, respondeu bem depois dos jogos, eles têm sido fenomenais e têm dado uma resposta muito boa. Estou na luta do título e só dependemos de nós.
- Houve muitas críticas em relação à forma como o Sporting se apresentou no último jogo, principalmente na segunda parte. Como explica isso? E se não for campeão continua a sentir-se treinador do Sporting?
- O meu pensamento é ser campeão nacional. O SC Braga tem um remate enquadrado na segunda parte e outro na primeira. A posse de bola é muito subjetiva, mas julgo que somos a segunda equipa com mais posse. A média é de 54 por cento na era Rui Borges, somos a equipa como mais eficiência no passe. Isso responde a tudo isso.
- No seu entender o que tem faltado no último capítulo para dar mais conforto à equipa? Em relação ao Clayton, considera já ser um jogador de clube grande?
- Sobre o Clayton não vou falar de jogadores que não são do Sporting. No jogo com o SC Braga o compromisso não fugiu, os jogadores têm sido fantásticos. É normal não termos 90 minutos com intensidade. Em relação à finalização, falta fazer mais golos, temos criado várias oportunidades. Assumo a culpa de todos os erros que tenham. O único remate que têm eles fazem golo. O futebol é isto mesmo.
- Sente que é preciso reunir as tropas para o jogo com o Santa Clara? Os jogadores estão abalados?
- As tropas estão reunidas desde os primeiros dias, por tudo o que já passámos, as pedras no camino, os jogadores têm dado resposta fantástica. Estão comprometidos com o objetivo que é sermos campeões. Santa Clara? É um campo difícil, uma equipa que está a fazer um grande campeonato, bem organizada, das que menos remates permite, muito agressiva. Tem jogadores muito fortes no último terço. Temos ser muito competitivos e continuarmos a ser aquilo que termos sido para sermos melhores do que o Santa Clara.
- Não sente a equipa mais pressionada? Está a contar dar minutos a Pedro Gonçalves?
- O Pote está convocado, vamos ver até que ponto pode dar contributo, vai ter de ser um gestão feita entre todos. Estamos pressionados desde a primeira jornada. Perdemos o primeiro lugar, mas dependemos apenas de nós. Estamos completamente focados até ao final. A pressão é diária desde sempre num grande clube que é o Sporting.
- Já jogou este ano em Ponta Delgada, com o V. Guimarães, e saiu de lá sem pontos. Vai precaver-se com alguns dados desse jogo? E em relação a Morita, qual o ponto de situação?
- O Morita está de fora. Tiro apontamentos de todos os jogos do Santa Clara, mudam algumas coisas. Estamos muito focados no que queremos fazer, é uma equipa muito competitiva. Tem apenas quatro derrotas em casa, com o FC Porto, Benfica, SC Braga e Estoril. Vamos fazer tudo para ganhar, não vai ser um jogo fácil, mas temos de ser capazes de vencer.
- Sente-se agora mais pressionado, até porque os adeptos exigem o bicampeonato?
- A exigência faz parte do dia a dia. Cheguei em segundo e agora perdemos a liderança. Cheguei dois dias antes de um Sporting-Benfica, já estava pressionado desde a nascença. E ainda há esse dérbi, dependemos apenas de nós até final.
- Já disse várias vezes que acredita que vai ser bicampeão, em que aspetos é que o Sporting é superior ao Benfica?
- Já dei aqui alguns dados bons em termos estatísticos. Importa estar focado naquilo que controlo, na minha equipa. Quem for mais competente será campeão. A mim compete-me fazer com que a minha equipa seja capaz de ultrapassar os adversários.
- O Sporting tem cinco empates na Liga sob o seu comando, sendo que quatro foram nas retas finais dos jogos. Falta a estrelinha? Isso preocupa-o?
- Ainda não tenho derrotas. Os empates fazem parte do processo. Nas segundas partes depende dos contextos. No Vitória [de Guimarães] foi o jogo mais ingrato nesse sentido, mas faz parte. Estamos focados naquilo que é o nosso caminho. Não é este contratempo que nos vai fazer pensar de forma diferente.
- O Santa Clara foi a primeira equipa que venceu o Sporting esta época. Considera que há algum tipo de sentimento de vingança por parte dos jogadores para este jogo?
- Acredito que, de alguma forma, olhem dessa forma. Espero que seja de uma forma que os motive pela positiva. Ter noção do que não fomos capazes de fazer, apesar de eu ainda não ser o treinador nessa altura, para melhorarmos e sermos melhores do que o Santa Clara. Esperamos as mesmas dificuldades, é uma equipa muito bem organizada, agressiva. Temos de ser capazes de ultrapassar estes pequenos pormenores que são grandes.