Gonçalo Borges: 79 jogos, 11 a titular e apenas dois completos (graças a Anselmi)
Desde que fez a estreia pelo FC Porto, a 15 de dezembro de 2021, num jogo da Taça da Liga contra o Rio Ave que os dragões venceram por 1-0, com golo de Pepê, Gonçalo Borges só por duas vezes fez um jogo completo e aconteceu já na era Martín Anselmi, frente à Roma (1-1), na 1.ª mão do play-off para os oitavos da UEFA Europa League, e noutro empate, também a uma bola, diante do V. Guimarães, na ronda 23 da Liga.
Neste momento, o extremo vem de dois desafios consecutivos a titular, outra raridade na sua carreira: V. Guimarães e Arouca. Um terceiro jogo no onze inicial representaria um recorde para um jogador que tem um singular registo de utilização que pode, parcialmente, explicar a sua tendência para querer mostrar serviço e tropeçar em muitos equívocos, como aconteceu contra a equipa de Vasco Seabra.
Em 79 desafios pela equipa principal, Gonçalo Borges só foi titular em 11 e completou 90 minutos nos encontros acima indicados. Ou seja, em pouco mais de três anos, o número 70 portista foi 68 vezes suplente utilizado, nunca estabilizando na equipa ao ponto de criar raízes no FC Porto. Também foi na condição de jogador saído do banco que apontou os dois únicos golos nos azuis e brancos: na jornada 14, frente ao Estrela da Amadora, fez o 2-0 aos 90+3, com pouco mais de cinco minutos em campo. Na ronda 18 fez o segundo golo da conta pessoal, na derrota do FC Porto contra o Gil Vicente, por 3-1, que ditou o fim da linha para Vítor Bruno.
Decisões erradas
Em Arouca, depois de várias decisões erradas que lhe valeram assobios dos adeptos portistas, foi substituído aos 63 minutos, talvez selando o seu destino para a deslocação ao terreno do SC Braga, no próximo sábado. Ou não. A verdade é que Martín Anselmi mostra muito apreço pela verticalidade de Gonçalo Borges e a sua capacidade de, em certos momentos, criar lances de rutura.
Contudo, o próprio técnico argentino compreendeu que o excesso de dribles de Borges nessa partida não só prejudicava a sua ligação com os laterais como ameaçava a solidez defensiva da equipa, permitindo ao Arouca mais roubos de bola que o recomendável.
Apesar do acerto no passe (95 por cento), perdeu a posse da bola em 13 ocasiões e em 12 duelos pelo chão e pelo ar apenas ganhou quatro. Uma atuação atribulada e com grande flutuação de rendimento que traduz um pouco aquele que tem sido o trajeto de Gonçalo Borges desde que subiu à equipa principal, após ter vencido a Youth League em 2019 ter revelado todo o seu talento tanto na equipa júnior como na formação B, onde em 78 jogos fez 11 golos e 8 assistências.