Foi mesmo para candidatos: Portugal vai lutar pelo título (crónica)
A jogar assim... Portugal pode sonhar. Pode sonhar com uma fase final do Campeonato da Europa de excelência e, quiçá, com mais um troféu a viajar para a (já notável) galeria da Cidade do Futebol.
Tal como acontece em todos os escalões, do topo até à base, também os sub-21 reforçaram a tese de que quem entra em campo com as quinas ao peito pode (e deve) olhar de frente para qualquer adversário e pensar em ganhar. Porque a qualidade existente no futebol luso é cada vez maior, o talento é inegável e os processos que são trabalhados em todas as equipas dão essa legitimidade à Nação: Portugal é, assumidamente, candidato a vencer qualquer competição em que participe, independentemente da faixa etária.
E toda esta dissertação foi passada à prática pelos comandados de Rui Jorge. Pela frente estava uma França que grande parte da crítica aponta como sendo uma das melhores seleções da Europa da categoria, mas Portugal deu mostras de que... não fica (nada) atrás.
Após o jogo, o melhor elogio que se pode fazer às esperanças lusitanas é que a cair para algum lado... teria de cair para as cores nacionais. Porque o vermelho e o verde imperaram, sobretudo na primeira parte, período em que as ocasiões de golo se sucederam, com o lamento a ser apenas o de que Roger Fernandes (14' e 20'), Tiago Tomás (15') e Geovany Quenda (18') não tiveram a mira afinada.
Até ao intervalo, a França apenas por uma vez se acercou com algum perigo da grande área lusa, sendo que esse momento, aos 29 minutos, causou um verdadeiro calafrio aos portugueses: falta de Rafael Rodrigues sobre Abline, o árbitro apontou de imediato para a marca de penálti, mas, depois de ouvir as indicações do VAR, decidiu reverter (e bem) a decisão e mandou marcar livre lateral.
Mas o pendor ofensivo de Portugal nos primeiros 45 minutos fez soar os alarmes no balneário francês ao intervalo. De tal forma que a segunda parte complementar acabou por ser mais em tons de azul, com os gauleses a acertarem nas marcações na intermediária e, já com mais qualidade de posse de bola, a desenharem várias chegadas com perigo ao último terço. Odobert, logo após o reinício, ameaçou a baliza nacional, o mesmo fazendo, pouco depois, Doukouré.
Rui Jorge percebeu que tinha de mudar - ao intervalo já havia lançado Flávio Nazinho (que entrou muitíssimo bem) para o lugar de Rafael Rodrigues - e foi ao banco buscar Carlos Forbes e Rodrigo Gomes. E ambos construíram um lance de perigo instantes depois de estarem em jogo, com o primeiro a cruzar para o segundo atirar por cima. Mais perto ainda de marcar ficou Paulo Bernardo (71'), mas o capitão, já dentro da pequena área, desperdiçou um cruzamento milimétrico de Diogo Nascimento.
Já na compensação, voltou a ser a França a ficar perto do triunfo, mas Samuel Soares, imponente, negou os intentos a Lepenant.
Deu nulo... podia ter dado vitória portuguesa. Mas temos candidato(s). Portugal vai à luta!
Tamanho conta? Não digam isso ao gigante Nascimento
Os jogadores de Portugal um a um:
Samuel Soares - Costuma dizer-se que os guarda-redes de clubes grandes são mesmo assim, ou seja, respondem presente nas poucas vezes em que são chamados à ação. Foi o que aconteceu ao número 1 nacional, que deu corpo à grandeza da Seleção e depois de uma primeira parte (super) tranquila mostrou toda a sua qualidade na etapa complementar. Segurou o empate nos descontos.
Rodrigo Pinheiro - Certinho no flanco direito, não se aventurou muito em missões ofensivas, procurando dar os devidos equilíbrios à retaguarda.
Chico Lamba - Sereno no eixo e sem nunca vacilar perante os pontas de lança contrários.
João Muniz - Também jogou sempre pelo seguro e foi fiel aos princípios do parceiro de setor.
Rafael Rodrigues - Mais apagado do que é habitual, acabou por ver um amarelo - no tal penálti que... não foi - e não regressou para a segunda parte.
Mateus Fernandes - Sempre com soluções para empurrar a equipa, fazendo uso da sua visão periférica, destacou-se também nas bolas paradas.
Paulo Bernardo - A nota não é superior porque falhou um golo... cantado. O capitão esteve ao seu nível, mas aquela bola servida em bandeja de ouro por Diogo Nascimento (71') tinha de acabar no fundo das redes.
Quenda - Rápido e virtuoso, como é seu apanágio, deu água pela barba à defensiva contrária na primeira parte. O extremo leonino desenhou bons lances pela direita e também tentou o golo, de cabeça, mas a bola saiu ligeiramente por cima da barra (18').
Tiago Tomás - Jogou em cunha entre os centrais gauleses, mas fugiu muito (e bem) da marcação para oferecer apoios frontais que permitiram ao coletivo desdobrar-se em várias dinâmicas atacantes. À passagem do quarto de hora ganhou o lance a Matsima, mas Restes fez a mancha e impediu o número 11 de festejar.
Roger Fernandes - Quem não soubesse, não diria, com toda a certeza, que o esquerdino do SC Braga estava em estreia absoluta na Seleção Nacional de sub-21. O luso-guineense foi lançado às feras por Rui Jorge e o melhor que se pode dizer é que parecia que já jogava nesta equipa... há anos. Descomplexado. ganhou (muitos) mais duelos do que aqueles que perdeu e o momento podia ter sido dourado caso as duas bolas de golo de que dispôs tivessem sido uma realidade. Lukeba tirou-lhe o céu em cima da linha (14'), a barra levantou-se em demasia (20').
Flávio Nazinho - Segunda parte de grande nível, com constantes acelerações à esquerda.
Rodrigo Gomes - Agitou o flanco direito e só falhou nas medidas do remate (65').
Carlos Forbes - Transformou a ala esquerda e foi um motor em alta rotação. Fez tudo para que Rodrigo Gomes marcasse, com um cruzamento açucarado.
Gustavo Sá - O criativo entrou com funções ofensivas para fazer uso da sua qualidade. Mas foram apenas 10 minutos...
Notícia atualizada às 23h58