O programa do jogo do Liverpool-Crystal Palace prestou no ano passado, dia do 35.º aniversário, homenagem aos 97 falecidos em Hillsborough
O programa do jogo do Liverpool-Crystal Palace prestou no ano passado, dia do 35.º aniversário, homenagem aos 97 falecidos em Hillsborough - Foto: IMAGO

Falhas policiais voltam a ser reconhecidas no desastre de Hillsborough

Tragédia vitimou 97 adeptos do Liverpool, em 1989

A longa investigação independente à tragédia de Hillsborough voltou a apontar responsabilidades à polícia, quase 36 anos após o desastre que vitimou 97 adeptos do Liverpool. O relatório, divulgado esta terça-feira pelo Independent Office for Police Conduct (IOPC), concluiu que 12 antigos agentes teriam de responder por casos de má conduta grave, se ainda estivessem no ativo.

A tragédia ocorreu a 15 de abril de 1989, na meia-final da Taça de Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest, em Sheffield, quando centenas de adeptos foram comprimidos numa zona cercada por grades, resultando num dos piores desastres de sempre em recintos desportivos. Apesar de, na altura, a polícia ter atribuído a responsabilidade a alegados comportamentos dos adeptos, essa versão foi sempre contestada por sobreviventes e familiares das vítimas.

O relatório agora concluído, após 13 anos de apuramentos e 352 queixas analisadas, reafirma o que já tinha sido determinado por inquéritos posteriores: os adeptos não tiveram qualquer culpa. Pelo contrário, o IOPC denuncia que 327 depoimentos de agentes foram alterados logo após o desastre, numa tentativa da polícia de desviar responsabilidades.

A revisão interna conduzida pela West Midlands Police, realizada pouco depois da tragédia, também é considerada enviesada a favor dos colegas da South Yorkshire Police, reforçando o falhanço sistémico das autoridades da época.

Das 92 queixas sobre o comportamento policial, a maioria foi validada ou justificaria explicações formais. Figuras de topo, incluindo Peter Wright, então chefe da South Yorkshire Police, teriam enfrentado processos disciplinares se ainda estivessem ao serviço.

Apesar das conclusões contundentes, nenhum agente foi condenado na justiça criminal. David Duckenfield, o comandante responsável no dia do jogo, foi absolvido de homicídio involuntário em 2019.