Europeu feminino: «Só desejo que façam como eu: ganhem à Itália»

GENEBRA — Data de 28 de novembro de 2000 a última vitória de Portugal diante de Itália, em Portalegre, num jogo de qualificação para o Europeu, por 1-0, com a malograda Anabela Silva a marcar aos 58 minutos. «E depois do golo foi aguentar até ao fim». Esta memória é de Carla Cristina, a guardiã das redes lusas nesse dia.

«As recordações do futebol são tão boas que me recordo não só dos jogos como de situações do jogo e principalmente das vitórias, que não eram tão frequentes na altura. Nesse dia, em Portalegre, chovia torrencialmente, o terreno estava cheio de lama e pesadíssimo, o que nos favoreceu, porque era preciso mais raça do que técnica diante de uma Itália que, na altura, era grande potência, tinha a melhor jogadora do mundo, a Carolina Morace, era a ponta de lança», recordou.

Continuando a desfiar o novelo das memórias, a antiga jogadora, de 51 anos, prosseguiu: «Esse jogo foi transmitido pela RTP e lembro-me depois de o rever e houve situação que me ficou sempre marcada. Há um lance em que a Morace vem a correr para segurar uma bola e eu pensei: ‘o que é ela quer, esta bola vai ser minha’ e fui ao chão a escorregar, agarrei a bola e estive sempre a olhar para ela, numa atitude claramente provocatória [risos], porque senti que o jogo era nosso. Foi vitória espetacular, elas eram muito superiores.»

Em véspera de Portugal defrontar a Itália no Europeu, Carla Cristina deixa mensagem de encorajamento às Navegadoras através de A BOLA. «Só desejo que façam como eu: ganhem à Itália. Que consigam pôr em prática o seu melhor futebol e sejam felizes a jogar, que os resultados vão aparecer», atirou.

Inês Pereira e Patrícia Morais têm sido as titulares na baliza de Portugal, com Carla Cristina ainda a ter partilhado balneário com a última, no 1.º Dezembro: «Ela estava a começar e eu a terminar [risos]. Temos ótimas guarda-redes e percebo o selecionador quando tem dificuldade em escolher a titular, mas considero que pode haver alguma instabilidade entre elas se se revezam de jogo para jogo, mas são as duas muito boas.»

Somou 82 internacionalizações de quinas ao peito e não escondeu que sente que contribuiu para a Seleção chegar a este patamar: «Sinto, mas a grande importância é desta geração, da entrega que continuam a ter, agora com melhores condições. Lutam com raça para estar nos lugares cimeiros, tenho muito orgulho na nossa Seleção e nas mulheres que gostam de jogar futebol.»

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