PORQUE é que Bruno Lage se tornou num ápice no treinador em que se tornou? Poderia dizer que se tornou no treinador que se tornou por ele ser o que é naquilo que o Romário disse poético na sua rebeldia:


- Treinador bom é o que não atrapalha…


mas seria pouco - porque no Bruno Lage há mais do que isso (e mais do que nem sequer falarei aqui no seu caráter, na sua personalidade). Bom treinador é o treinador que consegue que os seus jogadores acreditem nele - e treinador excelente é o treinador que consegue que os seus jogadores acreditem neles próprios. (É o que o Bruno Lage tem feito afastando dos seus jogadores dúvidas que antes lhes tiravam o acerto dos pés, os entortavam mais do que o normal - e não só nos remates que tinham de fazer à baliza ou nos passes que não eram capazes de transformar becos sem saídas em linhas de horizonte, arco-íris...)


Mais, ainda mais: não há semana em que, vendo jogo sobre jogo, não me lembre do que Cruyff afirmou no fervor evangélico do seu fantástico jogo de cabeça:


- Os treinadores falam demasiado em movimento, em correr muito, em criar mudanças à velocidade - e eu digo: não precisam de correr muito, têm de correr bem. O futebol joga-se com o cérebro e o que é preciso é estar-se no lugar certo, no momento adequado, nem demasiado cedo, nem demasiado tarde…


e o Bruno Lage não deixa de pôr, na sua argúcia, toda a sua equipa a jogar no lugar certo, no momento adequado, nem demasiado cedo, nem demasiado tarde. Aliás, ainda melhor: o Kissinger dizia:


- A tarefa de um bom líder é levar gente do sítio onde ela está para sítios onde nunca esteve…


e o que o Bruno Lage tem feito é isso, simplesmente isso (e primoroso).


P.S. - O que escrevi, escrevi (de propósito) sem saber o que sucedeu no Benfica-FC Porto. E se, ao escrevê-lo, me perguntassem: e se o FC Porto ganhar?  - eu dizia: escreveria tudo outra vez assim (porque o futebol é mesmo assim…)