Diogo Costa chegou ao FC Porto em 2011, após passar pela Casa do Benfica da Póvoa de Lanhoso (D. R.)

«Diogo Costa parecia um astronauta quando apareceu! Cotoveleiras, joelheiras...»

Foi graças à insistência de Adílio Pinheiro que, nos Pinheirinhos de Ringe, Diogo Costa passou do ataque à baliza. «Pontapé forte» ficou na retina desde muito cedo, assim como a indumentária de guarda-redes...

Adílio Pinheiro parecia já estar a contar com o contacto de A BOLA. «Eu sei que o Diogo vai fazer 200 jogos, ando sempre atento aos nossos miúdos», afirma, ao ser informado da marca redonda do guarda-redes. «Ele tinha tudo para ir longe, mas daí a fazer 200 jogos num clube como o FC Porto... Eu imaginava-o a chegar a um Aves, ou assim», admite o primeiro mentor do internacional português nos Pinheirinhos de Ringe, onde Diogo Costa, com apenas seis anos, deu os primeiros passos no mundo do futebol.

«Começámos a notar ali alguns pormenores. Ele não queria ser guarda-redes, era um matulão em relação aos outros miúdos. Tinha um pontapé forte... No centro da Vila das Aves andava a partir montras», solta, entre risos. No entanto, o recuo de Diogo até à baliza estava destinado. «Comigo sempre foi assim. O ponta de lança de hoje, pode ser guarda-redes amanhã. Naquele ano tínhamos uma boa equipa, o Vitinha também lá estava. E dava-me jeito ter o Diogo na baliza», conta.

O agora capitão do FC Porto não gostou da mudança. «Eu e ele fizemos um acordo. Fazia meio jogo na baliza e outro meio à frente. Chegámos a fazer torneios em Santo Tirso em que ele foi o melhor marcador mesmo começando a guarda-redes!», recorda, saudoso, o senhor Adílio.

Mas o que levava Diogo Costa a rejeitar a posição que, anos mais tarde, faria dele uma referência à escala planetária? «Ele não queria atirar-se para o chão. 'Se te conseguires meter à frente das bolas, ótimo. Nem precisas de te sujar', disse-lhe. Quando não conseguires, aí vais ter de te safar», avisou o treinador de então, hoje com 74 anos. O aprendiz de guardião lá ganhou coragem e, no dia seguinte, primou na indumentária: «Parecia um astronauta quando apareceu! Cotoveleiras, joelheiras... Começou a ganhar gosto e acabou por fixar-se na baliza». Foi o ponto de viragem.

A partir daí, como se diz na gíria, o resto é história. «Muito trabalho, muita canseira da família... Antes de o Diogo ir para o FC Porto ainda chegou a jogar numa equipa do Benfica da Póvoa de Lanhoso. Mas eu cheguei a um acordo com o FC Porto para mandarem uma carrinha que apanhasse o Diogo, o Vitinha e mais uns miúdos. Saíam daqui de manhã e, ao final da tarde, chegavam com a escola e os treinos feitos», lembra Adílio Pinheiro, incapaz de esconder o orgulho que sente por ver os «rebentos» de outrora vingarem ao mais alto nível. «Já se sabe como é. Trabalho, humildade... Mas às vezes não acontece. Costumo dizer que, como o Diogo e o Vitinha, há um em 500 mil. Mas connosco até foram dois», remata.

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