Di María: «No Benfica é sempre a 100»
Ángel Di María foi entrevistado pelo jornalista Juan Pablo Varsky, no canal de YouTube Clank!. Logo no início da conversa deu conta de que não relaxa apesar de agora não ser convocado para a seleção argentina, da qual se despediu na Copa América.
«Não [jogo mais solto nem estou mais relaxado], porque a minha forma de ser e de jogar sempre foram as mesmas. É impossível mudar, estando ou não na seleção ou pensando que posso fazer as coisas melhor no clube se não for convocado. No clube continuo a tentar fazer o melhor possível é sempre a 100. Isso nunca muda. Existe a diferença nestes momentos das datas da FIFA, baixo um pouco os decibéis e desfruto um pouco mais da família», começou por dizer.
Saudades da seleção? «Ainda há pouco estava a falar com Cuti [Cristian Romero] sobre a história da bandeira [adeptos mostraram uma grande bandeira de Cristian Romero no estádio]. Disse-me que sentiam saudades de mim. Disse que também sentia saudades, mas mais o dia a dia do que jogar ou treinar, mais compartilhar momentos com eles. Acabei quando quis e senti que era o momento indicado. Mas claro que sentimos saudade dos amigos. Mas sinto que decidi bem.»
Será que o tiraram do grupo de WhatsApp da seleção? «Não, não. Como é que me iriam tirar do grupo?», atirou sorrindo.
O avançado do Benfica explicou quando tomou a decisão de deixar a seleção: «Quando acabou o Mundial a verdade é que já tinha as coisas um pouco planeadas, mas ainda não sentia que deveria ser naquela altura. Não pensei em sair se as coisas acabassem bem ou deixar se as coisas corressem mal porque tinha acabado um ciclo. Depois de ganhar ganhei mais vontade de continuar, também não faltava muito para a Copa América. Sentia que podia render e ajudar os mais jovens. Depois desse Mundial comecei a dizer em casa que seria depois da Copa América. Foi pouco a pouco, perguntaram-me e cada vez estava mais seguro da decisão. E depois disse que a Copa América era o momento indicado, acabe como acabe. Saio pela porta grande, dei tudo, não tenho mais para dar. Era o momento perfeito.»
Será que há alguém mais jovem que se pode comparar com Di María? «É difícil comparar-me com alguém. Somos todos diferentes. Há jogadores com muitíssima qualidade. Gosto muito de [Facundo] Buonanotte, tem uma qualidade incrível, demonstra-o nos clubes, está a tentar mostrá-lo na seleção, custa, às vezes não é fácil. É um dos que gosto. Pode dar muito à seleção.»
Mourinho e 'Tacuara' Cardozo
Di María revela que foi José Mourinho, no Real Madrid, que o começou a utilizar na direita. Também não tinha escolha. Uma resposta que o fez recuar à parceria com Óscar Cardozo. «Sempre tinha jogado pela esquerda, desde pequeno até que cheguei ao Real Madrid em 2020/2011. Estava Cristiano Ronaldo no outro lado e tinha de encontrar um buraco para mim. Acabei na direita e comecei a gostar, a sentir-me muito confortável e depois acabei por jogar toda a carreira pela direita. Mourinho não teve de dizer-me nada. Era impossível jogar pela esquerda. Jogando 4x3x3 era impossível jogar na esquerda, Tive de adaptar-me ao que havia, Karim [Benzema] e Pipa [Gonzalo Higuain] eram os avançados. Teria de jogar pela direita sim ou sim. Descobri uma faceta nova, adaptei-me bem, puxar para dentro. Nos primeiros três anos no Benfica tinha Tacuara Cardozo, que era letal na área e era só meter a bola na cabeça dele.»
«Com Mourinho foi espetacular. É uma pessoa incrível. Defende os jogadores a 100 por cento, até à morte. Se deres 100 por cento ele dá-te a vida. Foram três anos muito bons. Não tenha nada de mal a dizer dele», acrescentou.