De jogar com Ronaldo a trabalhar na construção civil: «Poderia ter chegado ao topo»

Cendrim Kameraj pode ser um nome que não lhe diga muito, mas chegou a dividir balneário com Cristiano Ronaldo e a ser apontado como um dos maiores talentos da Suíça, onde nasceu – tem também nacionalidade kosovar. Ainda assim, as lesões graves que sofreu no início da carreira levaram-no a ter de abandonar os relvados.  

Aos 26 anos, Cendrim Kameraj trabalha numa empresa de construção civil. Nas redes sociais, o ex-jogador partilhou duas imagens, lado a lado. Na primeira surge com Cristiano Ronaldo, durante um treino, e na segunda com um capacete, na construção civil: «A vida muda às vezes.» 

«Trabalho num escritório na ICM Bau e o nosso chefe queria que passássemos um dia nas obras para entendermos como é o trabalho lá e o quão difícil pode ser. Isso fez-nos valorizar ainda mais a sorte que temos em trabalhar atrás de uma mesa», explicou Kameraj, em declarações ao jornalista italiano Gianluca Di Marzio. 

A vida de Cendrim Kameraj mudou completamente num espaço de sete anos. O futebol era a sua vida, mas as três lesões nos ligamentos fizeram-no mudar. 

«Talvez pudesse ter sido mais paciente ou ter ouvido o meu corpo antes. Mas não me culpo, fiz o que achei certo na época. O arrependimento não muda o passado. Quando recebi a oferta da Juventus, foi como um sonho. Ao início nem acreditei. Senti-me orgulhoso, entusiasmado e um pouco nervoso, porque sabia que era um grande passo», lembrou o antigo futebolista, que teve a oportunidade de jogar nos escalões de formação da Juventus e treinar com Cristiano Ronaldo. 

«Foi surreal, algo especial. A energia dele leva a que tenham de dar mais. O que mais me impressionou foi a sua mentalidade. Nunca parava e exigia sempre mais de si. Uma vez disse-me: ‘Talento não significa nada sem consistência e trabalho duro’. Essa frase ficou comigo. Ver como ele se preparava mostrou-me o que é realmente ser um profissional», comentou, confessando que foi difícil tomar a decisão de abandonar a Juventus. 

«Tive algumas lesões e senti que precisava de um novo começo, um lugar onde pudesse jogar mais. A Juventus deu-me muito, mas às vezes é preciso dar um passo para trás para seguir em frente», referiu. 

Aos 25 anos, teve de tomar uma das decisões mais importantes da sua vida e optou por deixar o futebol. 

«Com o tempo encontrei paz, entendi que a vida não termina quando tua carreira desportiva acaba. Sem lesões poderia ter chegado ao topo. Estava no caminho certo e sentia que estava a melhorar época após época. No entanto, não gosto de viver de 'ses'. Dei tudo o que tinha e é isso que importa», rematou, revelando que gostaria de voltar ao futebol noutra função, como ser treinador nos escalões de formação: «Continuo a sonhar, talvez um dia volte ao futebol. Mas, mesmo fora do futebol, só quero construir uma vida boa e ser feliz.» 

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