De biblioteca a vulcão: as insólitas medidas de Arteta para mudar o Emirates
O Arsenal está a viver um excelente arranque de temporada - líder isolado da Premier League, com quatro pontos de vantagem, após nove jornadas - mas há um tema que continua a inquietar Mikel Arteta: o silêncio no Emirates.
Apesar do bom futebol e dos resultados, o estádio tem sido apelidado por adeptos rivais de «biblioteca», uma provocação à falta de ambiente nas bancadas. O treinador espanhol, que transforma cada detalhe num campo de batalha tática, decidiu também pegar no megafone da atmosfera... literalmente.
O plano de Arteta: menos silêncio, mais ruído
Arteta já deixou claro que quer «o melhor ambiente do mundo no Emirates». E, como em tudo no seu trabalho, não ficou pelas palavras: o técnico e o clube estão a implementar uma série de medidas para acordar as bancadas.
Uma das mudanças mais visíveis foi a remoção da cobertura do túnel de entrada em campo. A ideia? Que jogadores e adversários sintam o rugido do estádio ainda antes do apito inicial. Agora, os adeptos podem interagir com os jogadores, trocar cumprimentos e criar uma ligação direta com a equipa. «Precisamos de aquecer o ambiente para que os adeptos possam disputar cada bola connosco, porque isso faz toda a diferença», disse Arteta quando questionado sobre a mudança.
Outro detalhe curioso vem do próprio treinador. O speaker e adepto dos gunners Roman Kemp revelou que, num voo, Arteta lhe perguntou se o anúncio dos golos fazia diferença.
Hoje, o protocolo no Emirates é claro: o speaker grita o primeiro nome do marcador e o público responde o apelido - três vezes. Sim, foi ideia do próprio Arteta. Kemp disse que foi uma conversa «intensa», mas mostrou que até os ganhos marginais são importantes para o treinador espanhol.
Outra mudança verificada no recinto dos londrinos é o espetáculo de luzes que ocorre antes dos grandes jogos e que transforma o Emirates numa verdadeira discoteca. O Arsenal introduziu light shows sincronizados com os adeptos, que podem participar através de um QR code nos ecrãs. Pode parecer uma jogada de marketing, mas a intenção é clara: fazer o público sentir-se parte da coreografia.
A última medida pode desagradar aos fãs mais preguiçosos: os ecrãs nos corredores do estádio deixam de transmitir a segunda parte dos jogos. Ou seja, nada de ficar a beber a segunda cerveja durante o reinício. Arteta quer os adeptos nos seus lugares, de corpo e alma, a jogar o jogo com a equipa.
Estas mudanças fazem parte de um plano mais amplo do Arsenal para revitalizar o ambiente do Emirates - um trabalho conjunto entre o clube, grupos de adeptos e o próprio treinador.
E se há quem ache exagerado, para Arteta cada decibel conta: «Temos de jogar e ganhar coisas. Para isso, precisamos de um estádio que crie momentos únicos.»