CR7 no Conselho de Estado? Sim, é hora de mudar o jogo
Portugal voltou a vencer. E fê-lo com Cristiano Ronaldo a mostrar, aos 40 anos, por que razão continua a ser um símbolo maior do nosso país: um capitão incansável, um líder nato, um embaixador português que não precisa de crachá oficial — leva Portugal ao peito todos os dias, dentro e fora de campo.
É precisamente por isso que, quando for eleito Presidente da República, gostaria de contar com o capitão da nossa Seleção no meu Conselho de Estado. Não por ser uma figura mediática, mas por tudo o que representa: disciplina, foco, superação, amor incondicional à pátria.
O Conselho de Estado deve ser um espaço onde se pensa Portugal a sério — um lugar de reflexão estratégica e aconselhamento institucional, onde estejam representados não apenas os circuitos da política tradicional, mas também quem vive o país de forma prática e com impacto real. Pessoas que sabem o que custa vencer, que já provaram o seu valor em áreas onde o mérito conta — e onde o falhanço não se resolve com um cargo por nomeação.
Cristiano Ronaldo representa precisamente isso: um percurso ímpar, feito de sacrifício, entrega, dor e conquista. Representa o que é possível alcançar quando não se desiste, quando se trabalha mais do que os outros, quando se acredita. E eu acredito que é isso que deve estar representado no Conselho de Estado — as qualidades que tornam Portugal maior e mais respeitado.
No desporto, ninguém incorpora esse espírito como o Cristiano. Mas não está sozinho nesta ideia. Daniela Braga, uma investigadora e empreendedora que está a transformar a inteligência artificial em todo o mundo, sem nunca esquecer as suas raízes, e Pedro Santa Clara, um académico que tem ajudado a formar milhares de talentos e a fazer crescer o ecossistema nacional de inovação, são outros nomes que quero ter comigo. Nenhum deles com carreira feita nos partidos. Todos com carreiras feitas fora da política, mas com Portugal no coração — todos a mostrar que, com dedicação, visão e competência, é possível chegar mais longe.
Este é o espírito da minha candidatura. Uma candidatura independente, sem partidos nem fardas, que quer devolver a política às pessoas. Que quer ajudar os portugueses a viverem melhor — com mais saúde, melhor educação, mais habitação, mais dignidade. É certo que não concorro para governar, mas concorro para responsabilizar. Para unir. Para fazer diferente. E posso garantir aos portugueses: serei implacável na exigência. Não me calarei diante do que está mal. Irei pedir, constantemente, contas aos governantes, exigindo mais ambição, mais resultados, mais respeito pelo tempo e pelo esforço dos cidadãos. Não serei um Presidente passivo. Serei um Presidente presente, atento, determinado — sempre em nome do melhor para Portugal e para os portugueses.
Quero fazer diferente, mas sei que, em Portugal, é cada vez mais difícil. Porque, na política, muitas vezes os lugares conquistam-se sem avaliação séria do mérito ou da capacidade. Às vezes, até sem se conhecer o percurso de quem os ocupa.
No desporto, como no empreendedorismo, o caminho é outro. É mais duro. E é mais verdadeiro. Só chega ao topo quem trabalha, quem tem resultados, quem se levanta quando cai, quem enfrenta ideias pré-concebidas, críticas injustas e obstáculos que, muitas vezes, têm mais a ver com preconceito do que com lógica.
Sei o que isso é. Também sou muitas vezes subestimado. Falam da minha origem sul-africana, do português com sotaque. E, sim, sinto que sou posto de parte por causa disso. Como se não fosse suficientemente português. Como se não tivesse o direito de querer mudar o país onde escolhi viver, investir, formar pessoas, criar valor. Mas não é o sotaque que devia importar. É o carácter. É o compromisso com o país. É aquilo que já fiz e aquilo que quero fazer por Portugal.
O futebol ensina-nos isso. Ensina-nos a lutar pelo nosso lugar, a dar tudo em campo, a não esperar por convites — mas a conquistar com esforço. O desporto forma não só atletas, mas seres humanos resilientes, capazes, motivados. Dá-nos exemplos concretos de como se chega ao topo com trabalho. E esse exemplo devia atravessar fronteiras e inspirar outros sectores — como a educação.
Se conseguimos formar os melhores jogadores do mundo, por que não conseguimos formar os melhores profissionais noutras áreas? Por que não temos uma escola que prepara os nossos jovens como preparamos atletas de alta competição?
A escola portuguesa precisa de se transformar. Precisa de formar especialistas. Precisa de preparar para a vida real. Eu acredito numa escola que ensina literacia financeira, pensamento crítico, criatividade, capacidade de decisão, liderança e empreendedorismo. Uma escola que não se fecha sobre si própria, mas que abre janelas para o mundo. Que desafia os alunos a crescerem — não apenas a passarem de ano. Que os prepara para assumir riscos, criar, inovar e contribuir. Que os forma para serem os melhores em todas as áreas.
O que fazemos com o talento dos nossos jovens hoje determina o país que seremos amanhã. E precisamos de tratar esse talento como tratamos o de um jovem jogador promissor — com exigência, apoio, treino e metas concretas.
Cristiano Ronaldo é mais do que um jogador. É um exemplo vivo de tudo aquilo que acredito ser essencial para Portugal: trabalho, mérito, resiliência e amor ao país. Um exemplo que deve inspirar a política, a educação, a economia.
Por isso mesmo, sim: faz sentido que esteja no Conselho de Estado. Está na hora de mudar o jogo. Porque pensar Portugal é mais do que uma função institucional. É um dever cívico. E esse dever deve ser partilhado com quem já mostrou ao mundo o melhor de nós.