Carlos Vicens, treinador do SC Braga
Carlos Vicens, treinador do SC Braga

Carlos Vicens: «Temos de gerir o aspeto mental para que o foco não se desvie»

Treinador dos arsenalistas insistiu no discurso do jogo-a-jogo, pois só assim vai conseguir atingir os objetivos; técnico antecipou dificuldades para a deslocação a Famalicão e ainda falou sobre a consolidação do processo de trabalho

O SC Braga desloca-se ao reduto do Famalicão, em mais um dérbi minhoto, sendo que pode ultrapassar este adversário na classificação e ainda beneficiar do confronto entre dois adversários que estão mais acima da tabela, mas Carlos Vicens apenas pensa no jogo complicado que a sua equipa vai ter pela frente.

«É um jogo muito importante, no qual temos a ambição de ganhar e vai muito além do que pode significar na classificação, pois ainda estamos em dezembro. O campeonato tem 34 jornadas e temos de ganhar o maior número de jogos possível para termos o maior número de pontos no final. Espero um jogo difícil frente a uma equipa que está a fazer as coisas muito bem, que sofre pouco golos, que tem talento individual que a faz ter um rendimento bom. Temos de estar preparados», começou por dizer o técnico dos arsenalistas, que elogiou os famalicenses.

«O Famalicão tem uma ideia clara de trabalho e de como jogar, tem uma sincronização grande dentro da equipa, com vários jogadores de temporadas anteriores. Também vão tendo um rendimento alto, pois têm vários jogadores com muita qualidade. Estão a fazer um campeonato muito bom. Vamos ter de apresentar o SC Braga mais competitivo, mais ambicioso para podermos cumprirmos o objetivo amanhã. Vai ser um desafio complicado, no qual temos de estar no nosso melhor, contra estes adversários temos de puxar por nós mesmos para os ultrapassar.»

Os guerreiros do Minho atravessam um excelente momento de forma e o treinador espanhol, de 42 anos, relembrou todo o processo, referindo ainda que está contente com a forma como as coisas vão evoluindo.

«Tínhamos falado que desde o início a equipa vinha a evoluir. Não temos uma bola de cristal, apenas trabalhamos e sabemos que esta evolução é um processo flexível, que não é linear, que tem altos e baixos. Que exige que os jogadores te conheçam, que se conheçam entre si. Tivemos muitos jogos nas pré-eliminatórias da Liga Europa e não o podias fazer só com onze, porque isso ia complicar o resto dos meses. Vamos mudando e alterando os planos de jogo e em tudo isso a equipa foi crescendo e é diferente da que fez essas eliminatórias. Creio que na direção de se converter numa equipa com melhores registos, capaz de competir melhor e de se apresentar, mais uma vez, com a sua melhor versão. Ainda não está terminado, ainda temos de crescer bastante para sermos mais competitivos, mais estáveis em todos os registos e momentos de jogo. Dá gosto ver os jogadores acreditarem na ideia e no dia a dia trabalharem para fazerem melhor, com ambição de crescer e de fazer coisas boas esta temporada. Temos de gerir o aspeto mental para que o foco não se desvie, porque o mais importante é sempre o treino seguinte. Depois vou fazendo ajustes para que a progressão possa ser ascendente», explicou e acrescentou que há muito maior conhecimento mútuo.

«Estamos num momento em que os jogadores sabem tudo e se lhes perguntarem um a um como joga a equipa, eles sabem ao pormenor e também sabem aquilo que é preciso melhorar. Há mais confiança entre todos e isso só ajuda a sabermos tudo o que é preciso fazer.»

Já sobre a rotação que vai fazendo ao longo dos ciclos competitivos, pois, por exemplo, Leonardo Lelo não é titular há três encontros, Vicens referiu que é natural e que todos os jogadores estão a par destas opções.

«Todos cumprem fases, alguns têm mais minutos e outros menos, mas os jogadores sabem desde o início que temos a ambição de ganhar todos os jogos em todas as competições e para que possas fazer isto, recordo que somos a equipa com mais jogos em Portugal, tem de ser com todos os jogadores. Todos têm de estar prontos para jogar, depois vê-se o nível físico, o que nos traz o adversário e as sensações que vou sentindo. Com jogos a cada três dias também é necessário gerir o nível de energia. Há uma competição saudável para jogar em todas as posições, porque também dou muita importância a todos que saem do banco que também vão dando suporte emocional durante os jogos. A equipa vai trabalhando, com esta ideia, desde julho e os jogadores sabem que não são palavras lançadas ao vento, já viram como funciona. É natural e saudável para o balneário. Não significa que não confie, apenas vou ajudando todos para que possam melhorar.»

Ricardo Horta é um elemento preponderante nesta equipa do SC Braga e vai atingindo números excecionais. O técnico foi questionado se considera que o capitão devia ir ao Mundial 2026 e puxou a brasa à sua sardinha, deixando a batata quente em Roberto Martínez.

«Pode ser, porque não. É o mesmo com todos, estamos a trabalhar para que o seu rendimento possa ajudar a equipa ao maior nível possível. É um jogador que dá tudo e o processo de trabalho diário e como se desenvolve o coletivo também o está a ajudar. Campeonato do Mundo? Portugal é uma potência, mas não tenho dúvidas de que o Ricardo [Horta] tem competência para jogar. Porém, a concorrência é forte e vai ser uma decisão difícil para o selecionador.»