Comentários do jornalista Pedro Soares em A BOLA das 6

Benfica vai até às últimas consequências

Rui Costa estará, hoje, na Cimeira dos Presidentes, na Liga, para exigir responsabilidades e mudança. Benfica já fez participação disciplinar contra Matheus Reis e Maxi Araújo. E não vai descansar

Rui Costa vai estar presente, hoje, na XV Cimeira dos Presidentes, na Liga, no Porto, para reforçar as críticas partilhadas, anteontem, num comunicado com disparos em várias direções, depois da final da Taça de Portugal, no qual sentiu que «foram ultrapassados todos os limites», para exigir responsabilidades e mudanças no funcionamento do futebol português.

O Benfica está preparado para ir até às últimas consequências e, ontem, já apresentou uma participação disciplinar no Conselho de Disciplina contra os jogadores Matheus Reis e Maxi Araújo pelo que considera «múltiplas agressões» a Andrea Belotti, no jogo com o Sporting, no Estádio Nacional.

Nessa participação, sabe A BOLA, o Benfica descreve que Maxi Araújo deu uma cotovelada em Belotti, entendendo que isso seria merecedor de pelo menos o segundo cartão amarelo ou de cartão vermelho. E assinala que Matheus Reis pontapeou o avançado italiano e pisou-lhe a cabeça.

A indignação do Benfica foi ainda mais alimentada depois de ter verificado que o lance não consta no relatório do árbitro. E também por considerar que a agressão de Matheus Reis foi vangloriada nos festejos do Sporting, quando os jogadores ergueram um cartaz com a imagem do defesa, podendo ouvir-se, numa transmissão direta na conta oficial dos leões no Instagram, «aqui nós pisa [sic] na cabeça».

O Benfica avançará, muito em breve, com participação disciplinar contra o árbitro Luís Godinho e o videoárbitro Tiago Martins, para lá da restante equipa de arbitragem, composta pelos assistentes Pedro Mota e Rui Teixeira, a quarta árbitra Sandra Bastos e os assistentes de videoárbitro Vasco Santos e Sérgio Jesus.

Proença em silêncio

No comunicado publicado anteontem no site, o Benfica anunciou, ainda, que fará «uma exposição à FIFA, à UEFA e ao IFAB, em face da ilícita aplicação do protocolo VAR em Portugal, que colocou em causa a verdade desportiva», e exigiu «ao recém-eleito Conselho de Arbitragem uma posição pública, onde apresente medidas e soluções concretas que corrijam a sua atuação, sob pena de não ter condições para continuar em funções». Os encarnados também revelaram que deixam de disponibilizar o Estádio da Luz à Seleção Nacional.

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença, não quis responder, ontem, aos jornalistas, na 3.ª Conferência Bola Branca, da Rádio Renascença. Apenas discursou e partilhou o «propósito de unir o futebol».

A BOLA sabe que a FPF espera que seja o Benfica a dar os passos que anunciou e depois agirá em conformidade, no que diz respeito às queixas dos encarnados e aos apelos de mudança.

«Eram só 33 câmaras de TV»

Na mesma conferência, o CFO da SAD do Benfica, Nuno Catarino, reforçou a ideia de que os encarnados querem «um novo rumo» e pedem «alterações», mas entende que «nem todas as instituições estão preparadas e nem todas as instituições querem avançar nesse caminho» de melhorar o produto.

O Benfica quer «chamar as pessoas à responsabilidade», argumentando que o erro da equipa de arbitragem é «totalmente inexplicável». «Também eram só 33 câmaras e uma equipa [de arbitragem] a ver», ironizou.

O CFO da SAD dos encarnados justificou a publicação do comunicado duríssimo. «Não dava para esperar mais, tínhamos motivos para fazê-lo. Foi a atitude e o momento certos», atirou Nuno Catarina, para quem o Sporting «terá razões» para não ter reagido. «Não fizemos o comunicado à espera de um contra-comunicado», sublinhou.

O Benfica, por considerar que «a verdade desportiva foi desvirtuada», não descansará até obter respostas, mudanças e conhecer as consequências do que se passou na Taça de Portugal. E Rui Costa irá sublinhar isso, hoje, no Porto.