Benfica: nove empréstimos falhados e o futuro
O Benfica 2025/2026 dificilmente poderá contar com regressos de empréstimos para ganhar força ou, até, para compor o plantel. Na época que agora termina, as águias tiveram nove jogadores cedidos a outros clubes (dois deles só a partir de janeiro, Meité e Gerson Sousa), mas nenhum conseguiu impor-se.
Martim Neto, no Rio Ave, foi quem somou mais minutos de utilização. Mesmo assim, foi titular em apenas 18 jogos.
Para os jogadores mais jovens, da formação, o salto para a Liga, dado pela primeira vez por Rafael Rodrigues, Pedro Santos, Henrique Pereira e Gerson Sousa, não trouxe o tempo de jogo que esperariam. Dos quatro, só Rafael Rodrigues passou os 1000 minutos de utilização ou a dezena de jogos como titular – mas por pouco.
Martim Neto e Henrique Araújo jogaram mais, mas também têm mais experiência. O médio já tinha estado cedido em 2023/2024, ao Gil Vicente – onde jogou com mais regularidade do que em Vila do Conde, esta temporada. Já o ponta de lança, com 20 jogos pela equipa principal das águias, saiu da Luz pelo terceiro ano consecutivo (antes, passara seis meses pelo Watford e um ano pelo Famalicão), e até conseguiu o melhor rendimento como jogador emprestado, mas apenas com sete golos marcados, três dos quais de penálti.
Nenhum desses seis jogadores parece ter feito o suficiente para agarrar um lugar no plantel do Benfica. E estando todos com idade entre os 22 e os 23 anos, será natural que na Luz se comece a equacionar se isso poderá vir a acontecer no futuro.
Tengstedt: boa imagem entre lesões
Quanto aos três estrangeiros emprestados, todos com cláusulas de opção de compra, nenhum deles parece ter feito o suficiente para convencer os clubes onde jogaram a exercê-las.
David Jurásek, aliás, já foi oficialmente devolvido pelo Hoffenheim, ao qual esteve cedido durante ano e meio. Esta época, devido a fratura num antebraço na pré-temporada, só se estreou em outubro e acabou por fazer apenas 11 jogos a titular. O lateral-esquerdo, contratado pelo Benfica ao Slavia Praga no verão de 2023 por 14 milhões de euros, tem ligação às águias até 2028, mas não convenceu nos escassos seis meses que passou na Luz.
Quanto a Meité e Tengstedt, não está afastada a possibilidade de continuarem nos clubes que representaram. O médio, contratado pelo Benfica em 2021 por seis milhões de euros, deixou boa imagem no PAOK, apesar de ter feito apenas 12 jogos pelo clube grego (oito a titular). No entanto, a equipa de Salónica não estará na disposição de exercer a cláusula de opção de compra de um milhão, estabelecida em janeiro, no momento do empréstimo, e quer aproveitar o facto de o médio franco-costa-marfinense ter apenas mais um ano de contrato e o potencial de poupança de salários por parte das águias para baixar o valor.
No caso de Tengstedt, que teve início de época assertivo no Verona mas sofreu na segunda metade da temporada com várias lesões, limitando o seu desempenho, a cláusula de opção é de sete milhões de euros, o mesmo valor que o Benfica pagou ao Rosenborg em janeiro de 2023. Tudo indica que o 14.º classificado da última Serie A não vai exercê-la. A imprensa do país refere que o Verona considera o jogador interessante, mas ao mesmo tempo entende que o valor de compra contratualizado com o Benfica representa um esforço financeiro exagerado. Tengstedt poderá, porém, ter aberto outros mercados em Itália.
O Mundial de Clubes
Não é provável que qualquer um dos jogadores que o Benfica cedeu na última época por empréstimo caiba no plantel de 2025/2026, mas o Mundial de Clubes é um caso diferente.
Cada participante tem de inscrever um mínimo de 26 jogadores e um máximo de 35, mesmo admitindo que até decida levar um contingente mais pequeno à prova que vai decorrer nos Estados Unidos da América. E a FIFA criou janelas especiais (a primeira de 1 a 10 de junho, a segunda de 27 de junho a 3 de julho) para transferências e inscrições, incluindo a permissão de reincorporar jogadores que estiveram emprestados.
De qualquer forma, a probabilidade de qualquer um dos nove atletas que estiveram cedidos vir a viajar com o Benfica para os EUA é mínima. Rafael Rodrigues, Pedro Santos e Henrique Araújo, por exemplo, estão pré-convocados para o Europeu de sub-21 (Rui Jorge chamou 26 jogadores, mas terá de reduzir a lista para 23). É verdade que o Benfica tem preferência, e que a UEFA mudou os regulamentos para permitir que as seleções substituam à última hora (até um dia antes do primeiro jogo) atletas entretanto convocados para o Mundial de Clubes, mas não é do interesse das águias tirar tempo de jogo a jovens que podem mostrar-se no Campeonato da Europa – veja-se até o caso de Samuel Soares, autorizado pelo Benfica a ir à prova de seleções, em detrimento de passar a competição da FIFA no banco.
O jogador com mais hipóteses de ainda ser chamado por Bruno Lage acaba por ser David Jurásek, mas só no cenário de Álvaro Carreras ser transferido antes do Mundial de Clubes para o Real Madrid. E mesmo assim, há outras opções para a lateral-esquerda, incluindo na equipa B, para juntar a Samuel Dahl (o sueco está emprestado pela Roma, mas vai jogar o Mundial pelas águias), que podem ter primazia em relação a um jogador que, à partida, não entrará nos planos para a próxima época.