Villas-Boas com o reforço Borja Sainz (Foto: FC Porto)

AVB, licença para vender

Jogadores não são culpados de tudo, mas alguns não teriam condições para começar nova época. Presidente conseguiu bons negócios, mas substituir só corre bem se contratar melhor

Se no final do Mundial de Clubes a administração do FC Porto tivesse pedido aos seus adeptos uma lista de jogadores que não quisessem ver mais com a camisola azul e branca, dependendo disso a forma de atuar no mercado de transferências, parece-me que o cenário não estaria muito longe do atual.

Samuel Portugal, obviamente. Difícil perceber como se compram jogadores para não jogar (ou melhor, quando envolve dinheiro até é fácil entender o que se passou).

Tiago Djaló e Fábio Vieira, em patamares muito diferentes, não fizeram o suficiente para motivar esforços após os empréstimos. O central voltou à Juventus e terá de autoconvencer-se a ser profissional de futebol. Já o médio, de quem se esperava um regresso heróico ao clube do coração, não foi o exemplo de que outros precisavam e também não terá sorte no Arsenal.

Otávio fez uma época epicamente horrível e desde a famosa e polémica festa que traçou o seu destino.

Iván Marcano é uma exceção a esta alegada lista, mas a partir de uma certa idade ninguém estará para aturar mais épocas como esta...

Gonçalo Borges podia ser uma daquelas histórias bonitas para contar, o menino da casa que chegava a jogar com os grandes e fazia a diferença, mas a inconsequência do extremo levava ao desespero o mais paciente dos espectadores.

O ADN portista que andou desaparecido durante a última temporada fez várias vítimas aos olhos dos adeptos, sobretudo precisamente aqueles que cresceram com ele. E daí Joao Mário.

Aos 25 anos, o extremo que se mostrou a um bom nível desde que virou lateral só pode deixar satisfeitos pela saída aqueles que se esqueceram do seu potencial, confirmado anteriormente e que o levou inclusivamente a ser chamado à Seleção Nacional. Mas, lá está, após o Mundial de Clubes isso não interessava para nada. Todos os que se mostraram pouco incomodados ou que não deixaram esperança na mudança eram para despachar.

André Villas-Boas prometeu o maior mercado de sempre e as entradas de Gabri Veiga, João Costa, Prpic, Borja Sainz, Froholdt e Alberto não serão as últimas. Mas curiosamente é pelas saídas que o presidente está a destacar-se.

As decisões não podem ser tomadas consoante a lista imaginária de adeptos desesperados, mas convenhamos que alguns valores destas vendas são realmente incríveis. Tudo dependerá da bola entrar ou não, pois o entusiasmo de ver Alberto em vez de João Mário passa muito rápido com maus resultados.