Ataque à FIFA: «Infantino julga-se Deus, oferece pão e circo como na Roma antiga»
Terminado o Mundial de Clubes, na estreia de um novo formato, o Sindicato de Jogadores Profissionais (FIFPro) lançou duras críticas ao presidente da FIFA, acusando-o de ter brincado com a saúde dos futebolistas nos EUA, na busca por mais dinheiro.
Gianni Infantino havia acabado de se vangloriar do aumento das receitas obtidas no Mundial de Clubes, mais de 1,8 mil milhões de euros, afirmando que tinha começado a «era de ouro do futebol».
Três semanas em vez de um mês
O conflito com o Sindicato que representa os futebolistas a nível mundial (FIFPro) agravou-se depois do que as 32 equipas participantes tiveram de suportar nos Estados Unidos, entre 14 de junho e 13 de julho, na competição ganha no domingo à noite pelo Chelsea, por 3-0 na final contra o PSG.
O presidente da FIFPro, Sergio Marchi, revolta-se depois de a FIFA ter cortado um quarto das férias mínimas que os jogadores podem ter no final da época: em vez de um mês, como pediram os sindicalistas, ficaram com apenas três semanas.
O único aspeto em que obtiveram satisfação da FIFA foi o intervalo mínimo de tempo entre dois jogos, que não poderá ser inferior a 72 horas. Um limite que foi por vezes ultrapassado num calendário cada vez mais congestionado, com jogos disputados em ritmo acelerado, ou interrupções ce duas horas devido ao mau tempo, como aconteceu com o Benfica.
A FIFA declarou que analisou «questões-chave relacionadas com a saúde dos jogadores», incluindo «o aspeto crítico do calendário dos jogos internacionais» e afirmou que houve «um consenso» relativamente ao facto de dever haver pelo menos 72 horas de descanso entre jogos e que os jogadores precisariam de férias de pelo menos 21 dias no final de cada época.
Mesmo assim uma semana a menos do que o solicitado pela FIFPro. Neste contexto, surgiu o ataque duro ao presidente Gianni Infantino, acusado de «organizar torneios sem diálogo, de forma autoritária e apenas para obter lucro».
«Jogou-se a temperaturas inaceitáveis»
«Infantino comporta-se como um homem que se julga Deus. E esta competição esconde uma rutura perigosa com a realidade quotidiana dos futebolistas de todo o mundo. Jogou-se com temperaturas inaceitáveis, colocando em risco a saúde dos jogadores. É grave e esta situação não se pode repetir no Campeonato do Mundo do próximo ano!», afirma o presidente da FIFPro, Sergio Marchi, num comunicado oficial, referindo-se ao torneio que vai decorrer no próximo verão nos EUA, México e Canadá.
Segundo o dirigente argentino, o Mundial de Clubes de 2025 transformou-se numa «encenação de um espetáculo global digno do 'pão e circo' da Roma antiga. A FIFA continua a aumentar os seus lucros, mas à custa daqueles que jogam! Não é possível nenhum espetáculo se a voz dos jogadores for ignorada. Chegou a hora de os futebolistas serem verdadeiramente colocados no centro do jogo!», concluiu o mesmo Sergio Marchi.
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