Helena Pires, CEO da FPF
Helena Pires, CEO da FPF

Árbitros profissionais a caminho

Antes de deixar a Liga e chegar à FPF Helena Pires assumiu que a arbitragem era um trabalho conjunto. Agora como CEO da Federação fala do que tem sido feito

— Como é que têm sido as relações Liga - FPF, em relação a esse tema tão crítico no futebol português como a arbitragem? 

— A Liga e a Federação têm trabalhado em conjunto e continuarão a trabalhar em conjunto. Da parte da Federação há total abertura e disponibilidade para prosseguir este caminho, que tem de ser um caminho de total trabalho conjunto, para chegarmos a um bom porto. Estas questões, no âmbito da arbitragem, são normais no futebol. Nós que andamos aqui há muito tempo, conhecemos isso muito bem. A arbitragem e disciplina são órgãos que estão muito bem liderados, que têm a sua autonomia aqui na própria Federação. A nossa função, e que tem que ser rigorosamente cumprida, é dar condições. No final do dia, é muito mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa no final da linha. Fora das quatro linhas, nós somos todos parceiros e é assim que nós temos que continuar a ser. Em relação a este ponto em concreto, ninguém tem dúvidas.

— Para quando uma profissionalização total dos árbitros?  

— Estamos a trabalhar nesse ponto. O Conselho de Arbitragem está com muito afinco a trabalhar o Plano Nacional de Arbitragem e o caminho está a ser bem traçado. O Presidente do Conselho de Arbitragem é uma pessoa séria, trabalhadora e tenho a certeza absoluta que a curto prazo nos vai surpreender com boas notícias. 

— No dia que foi nomeada CEO da Federação, esteve na Cidade do Futebol André Villas-Boas, reunido com o presidente do Conselho de Arbitragem para falar de erros. Como é que vê todas estas críticas do FC Porto ou do Benfica? 

—-Eu não sei bem o que é que aconteceu na reunião do Conselho de Arbitragem, porque nós não tivemos nessa reunião, nem tínhamos de estar. Há uma separação de poderes e nós respeitamo-la na íntegra. Mas ,parece-me a mim que este é o caminho, o Presidente do Conselho de Arbitragem recebe os clubes que lhe solicitam para serem recebidos e ele gentilmente o faz, na nossa visão, bem. Eu acho que estas questões de arbitragem, são normais dentro da nossa anormalidade. Se calhar não deveria haver tanto mal-estar… A competitividade é grande, os lugares da UEFA estão cada vez mais curtinhos e a relevância do posicionamento do nosso ranking é fundamental. Isto causa muita pressão e depois há a pressão que é interna, há a pressão de demonstrar aos adeptos que estão a fazer alguma coisa e nós só temos de respeitar. Mas, no final da linha, fora das quatro linhas, somos todos parceiros e isto é que tem de prevalecer.

—- Uma das ações que a Helena Pires teve na FPF teve a ver com o licenciamento de clubes nas competições da UEFA. Um dos casos de arbitragem que muito se falou, teve a ver com o jogo de Santa Clara-Sporting, e o tal canto que foi assinalado e que depois deu um golo do Sporting. Na altura falou-se muito também da qualidade do relvado do Santa Clara. As condições que os clubes têm para jogar na principal Liga portuguesa preocupam-na?

—- Como sabe, e até porque nos conhece há muito tempo, claro que é grande a nossa preocupação com as infraestruturas. Um licenciamento UEFA é o topo da pirâmide do licenciamento, mas obviamente que os relvados são uma preocupação que tem de ser encarada com muita seriedade. Nós fizemos sempre as avaliações e classificações dos relvados, pois todos reconhecem a importância que têm no desempenho desportivo. Continuaremos essa luta. Dizem que há muitas infraestruturas desportivas, eu atrevo-me a dizer que não há assim tantas com as condições que nós precisamos para que as nossas competições sejam ainda mais valorizadas. Estamos a trabalhar nisso, fizemos o aditamento ao protocolo com a Liga, onde uma parte do valor vai para a área infraestrutural.

 Dizem que há muitas infraestruturas desportivas, eu atrevo-me a dizer que não há assim tantas com as condições que nós precisamos para que as nossas competições sejam ainda mais valorizadas.

—- Nessa análise, precisamente, ao que existe de infraestruturas, gostava que olhássemos para o Mundial 2030. Em relação a infraestruturas, o que é que já está feito e o que é que ainda falta fazer, de acordo com os requisitos da FIFA?

—- Nós estamos dentro daquilo que os prazos da UEFA nos pedem para concretizar e não temos como falhar. As infraestruturas que estão sinalizadas serão sempre que dispõem de melhores condições, para a prática do futebol e penso que não teremos qualquer tipo de preocupação. Algum apontamento que possa acontecer, estamos com tempo para o solucionar. Estamos atentos e a trabalhar nesse Mundial com afinco.

—- Um projeto como o Benfica District, crê que é possível terminar a tempo?

—- Nós somos portugueses e os portugueses desafiam-se a par e passo [Risos] Confio muito que todos estes projetos que vão surgindo, e que têm como foco esse mundial serão concretizados. Nós somos portugueses e arranjamos sempre alguma forma de fazer acontecer.

—- E comercialmente, até que ponto é que uma organização com Marrocos e Espanha pode ser benéfica para Portugal?

—- É sempre importante estarmos na liderança destes processos, com uma federação também é muito impactante, como a espanhola e Marrocos, tem uma capacidade grande para este tipo de organizações. Temos todo o orgulho em estar nesta organização tripartida e para Portugal é sempre muito bom trazer estes grandes eventos. Ao nível desportivo, mas também ao nível do turismo, da movimentação de massas e daquilo que é a imagem de Portugal no mundo e do nosso futebol.

—- Normalmente o legado nestas situações é sempre esquecido. Receia que em 2031, depois desse Mundial, possam existir custos superiores àqueles que devem existir para Portugal?

—- Vamos acreditar que não. Vamos todos trabalhar no sentido em que isso não aconteça. Acho que todos temos bem a noção do que isso significa.