Estação do Cais do Sodré, em Lisboa, encerrada devido ao apagão. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
Estação do Cais do Sodré, em Lisboa, encerrada devido ao apagão - Foto: ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Apagão: peritos revelam origem do colapso

Falhas em cascata na produção renovável apontadas como responsáveis pelo incidente registado a 28 de abril

O apagão ibérico registado no passado dia 28 de abril resultou de uma sucessão de desligamentos de produção renovável e consequente perda de sincronismo com a rede continental europeia, indica o primeiro relatório do painel de peritos responsável por investigar a ocorrência.

O incidente foi classificado pela ENTSO-E (Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade) como sendo de escala 3, «excecional e grave», e descrito como «o mais significativo ocorrido no sistema elétrico europeu em mais de 20 anos».

Segundo o relatório, elaborado por 45 especialistas e publicado esta sexta-feira (quase um mês antes do prazo previsto), a sequência de falhas teve início às 12h32 (hora de Bruxelas), quando várias centrais solares e eólicas no sul de Espanha se desligaram subitamente da rede.

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Menos de um minuto depois, foram retirados mais de 2,5 gigawatts de capacidade de produção, o que reduziu a compensação reativa disponível, originando uma escalada da tensão elétrica e um efeito em cascata na Península Ibérica. Foi a partir das 12h33 que o sistema de Portugal e Espanha começou a perder sincronia com a rede continental — as interligações com França e Marrocos foram desligadas e confirmou-se o colapso total do sistema ibérico.

Note-se que este tipo de perturbação nunca tinha sido identificado como causa de apagão na rede europeia, segundo o grupo de peritos, que têm novas reuniões sobre a investigação agendadas para 14 e 30 de outubro, 18 de novembro e 10 de dezembro.