Afinal, a Liga está mais equilibrada ou mais desequilibrada?
Olhamos para os números da Liga ao fim de oito jornadas e ficamos na dúvida: há mais equilíbrio ou mais desequilíbrio? As duas teses são defensáveis e com argumentos de peso. Vejamos: os quatro primeiros chegaram a esta fase, com quase um quarto de Liga realizado, com um número de vitórias nunca visto nas três últimas décadas: 25 em potenciais 32; por outro lado, a esmagadora maioria destes triunfos foram pela diferença mais magra: 17. O primeiro ponto sugere Liga desequilibrada no topo, o segundo indica muito mais equilíbrio entre equipas grandes, médias e pequenas.
O Sporting, por exemplo, leva sete triunfos em oito jogos, mas cinco deles (Vizela, Casa Pia, Famalicão, Farense e Arouca) foram pela margem mínima (3-2, 2-1 ou 1-0). Só com Moreirense (3-0) e Rio Ave (2-0) foram folgados.
O Benfica leva os mesmos sete triunfos e com quatro por diferença de um golo (Gil Vicente, Vizela, FC Porto e Estoril). Com Estrela da Amadora (2-0), V. Guimarães (4-0) e Portimonense (3-1) aconteceram resultados mais robustos.
O FC Porto é o caso mais evidente. Seis vitórias e todas pelas diferença mais pequena (Moreirense, Farense, Rio Ave, Estrela da Amadora, Gil Vicente e Portimonense), sempre por 2-1 ou 1-0.
O SC Braga, por fim, vai em cinco triunfos e apenas dois (Moreirense e Rio Ave) por um golo de diferença. Houve depois um 4-2 a Chaves e Estrela da Amadora 4-1 a Boavista.
Se quisermos olhar ainda para o V. Guimarães, no 4.º lugar com os mesmos 16 pontos do SC Braga, encontramos cinco vitórias, três pela margem mais ténue (Estrela da Amadora, Gil Vicente e Estoril). Apenas com Vizela (2-0) e Famalicão (3-1) não foi assim.
Só recuando 33 anos, até ao arranque de 1990/1991, encontramos quatro primeiros classificados com mais vitórias à oitava jornada do que em 2023/2024: 26 contra as atuais 25. Sporting somava oito triunfos com Marinho Peres, o Benfica ia em sete com Sven Goran-Eriksson, o FC Porto de Artur Jorge tinha igualmente com sete e o União da Madeira, com Rui Mâncio, levava quatro.
Porém, há 33 anos, havia muito menos triunfos tangenciais: Sporting tinha dois, Benfica levava zero, FC Porto ia em um e União somava quatro. Sete vitórias magrinhas em 26 possíveis. Ou seja, apenas 27 por cento contra os atuais 68 por cento (17 em 25).
Há mais equilíbrio ou mais desequilíbrio? As duas teses são válidas.