O novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença (C-D), ladeado pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte (C-E), com os novos órgãos sociais da FPF
Pedro Proença foi eleito na segunda-feira novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Foto MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

A maldita e tão bela emoção!

'O lado invisível' é o espaço de opinião quinzenal de Rui Lança, diretor executivo de outros desportos do Al Ittihad, da Arábia Saudita

As emoções são a maior e mais diferenciadora característica no desporto. Que podem ir dos jogos com os mais novos até aos Jogos Olímpicos. Talvez a maior razão para que existam as verdadeiras tribos (não apenas as claques) em redor das equipas desportivas, que conseguem proporcionar as maiores alegrias e tristezas em tão poucos segundos em multidões. Que nos fazem falar do plural quando as equipas vencem e perdem, que todos sejam iguais nas bancadas, lado a lado, a sofrer com tanta coisa que não controlamos.

Cabe a todos os que trabalham no desporto saber controlar, dosear e utilizar as emoções em tantas decisões racionais e de gestão. Usual falar-se dos mind games entre treinadores ou atletas, mas é ainda mais usual ver estes jogos na cabeça dos dirigentes aquando das suas decisões que podem afetar o estado de espírito dos decisores. E por isso, contratar jogadores para acalmar as hostes, guardar para determinadas alturas ações para ganhar ou ludibriar os verdadeiros problemas, fazer uma liderança mais democrática ou política, é um fenómeno normal para os mais atentos.

As eleições da Federação já foram, virão ainda este ano as da Liga, Comité Olímpico e SL Benfica, importantes para o futebol, futsal e futebol de praia, para todas as modalidades olímpicas, e para os seus adeptos, respetivamente. Mais umas do que outras, muito sujeitas à gestão e à ilusão das emoções. Convicto com o que se vai passar nos próximos tempos, em que os resultados — ou isto não fosse uma relação de mãos-dadas entre as emoções e resultados — vão provocar decisões irracionais. Aceitável para os adeptos e inaceitável para os dirigentes, mas infelizmente vai ser assim. E isto ajuda também a explicar o porquê de termos projetos pouco duradouros, dos ziguezagues constantes com decisões desalinhadas e difíceis de compreender.

A Liga vai aproximar-se da FPF por várias razões e com dois desafios (talvez os mais prioritários) como a centralização dos direitos televisivos e o ranking europeu de clubes. O COP terá a missão espinhosa de encontrar um Presidente ao nível do Prof. José Manuel Constantino, um dos maiores e melhores pensadores e críticos do desporto com uma visão holística. E o SL Benfica irá ter vários momentos da verdade, como os resultados em maio, junho/julho, o mercado de verão, etc. Vamos ver se desta vez a gestão consegue estar à altura do desafio: tomar a melhor decisão para a equipa.