Mundial: «Ganhar um jogo ou outro seria um sonho»

Mundial: «Ganhar um jogo ou outro seria um sonho»

RÂGUEBI20.09.202319:43

Lobos deram salto gigante com Patrice Lagisquet, diz Rodrigo Marta. Elogia Mirra e Pissarra. Sonha com uma vitória ou duas no mundial e quer ser um dos melhores do mundo.

Rodrigo Marta, Jogador do Ano da Nationale (3.ª Divisão francesa), maior marcador de ensaios (17) em época de estreia em França, é também o maior marcador de ensaios da Seleção Nacional, 28 em 33 jogos, superando António Aguilar (24).

Ao lado de José Madeira, Raffaelle Storti, Jerónimo Portela e Simão Bento, entre outros, nasceu para o râguebi no pós-França-2007. Nos escalões de formação, Marta e os demais filhos do Campeonato do Mundo de França-2007, trilharam um caminho, em separado, nos clubes. Em paralelo, seguiram juntos nas seleções jovens, foram campeões europeus Sub-18 e chegaram às finais de dois Mundiais “B” sub-20 (World Thophy). 

Dezasseis anos depois, Portugal regressou a um Mundial e Rodrigo Marta é um dos lobos eleitos. Faz a ponte entre passado e presente. «O Luís Pissarra e o João Mirra [da equipa liderada por Patrice Lagisquet] treinaram-nos desde novos, ajudaram-nos na formação e tornaram-nos nos jogadores que somos hoje», assume em conversa telefónica com a A BOLA. 

«A nossa geração de Sub-20 traz alguma dinâmica a esta equipa e claramente trazemos pontos fortes à seleção», frisa, sem rodeios. 

Aos 23 anos, Rodrigo Marta, faz parte de um lote de jovens jogadores que deixou o amadorismo nacional [Madeira, Storti e Bento] e emigrou cedo para lá dos Pirenéus, em busca do sonho do profissionalismo, seguindo as pisadas de José Lima, vice-capitão dos lobos e precursor desta aventura lusa, Diogo Hasse Ferreira e Pedro Bettencourt. «Quando estava no campeonato nacional, ao nível amador, senti que necessitava de algo mais e surgiu a hipóteses de ir jogar para França», recordou. 

Foram 10 meses apoteóticos e uma progressão rápida do Dax para o Colomiers (Pro2, 2.ª Divisão). Centra a conversa no Eu. «Comecei por baixo, na 3.ª Divisão. Foi uma pequena experiência do que é ser profissional. Quero continuar a tê-la a um nível mais alto, mas sempre com o objetivo de atingir o topo (top-14, 1.ª Divisão)”, adiantou. 

«Nos próximos 10 anos é isto que quero fazer, jogar com os melhores do mundo, e, se calhar, ser um dos melhores do mundo», aponta. «Sei que para lá chegar tenho de trabalhar muito», reconhece, elogiando quem o tem ajudado. «Sinto que atravessei a minha jornada com treinadores muito bons, Patrice, Luís e Mirra. Consegui evoluir bastante, aprendi muito e ainda estou a aprender», admite.

Regressa aos lobos. «Grande parte dos jogadores trabalha junta há quatro anos, somos hoje uma seleção mais crescida e evoluímos de uma forma gigante», sublinha. 

«Desde a chegada do Patrice qualquer coisa mudou nesta equipa. Trouxe muita experiência, trouxe jogadores dos campeonatos franceses e formou uma equipa extraordinária que nos levou ao mundial», relembrou Rodrigo Marta.

«Os dois meses preparação antes do Mundial ajudaram a competir com os melhores do mundo. O fator público ... é sempre bom ter um apoio extra, mas da forma como estamos a treinar só estamos concentrados em nós e no que se passa dentro de campo e podemos controlar», explica o ponta português. 

Integrados no Grupo C, concluída a estreia frente a Gales, na véspera do duelo com a Geórgia, a que se seguirá Austrália e Fiji, Rodrigo encerra a conversa a falar de sonhos. «Não gosto de falar de vitórias ... podemos ser o underdog, claramente. O principal objetivo é competir, divertir e, se ganhássemos um jogo ou outro, seria claramente um sonho», aponta.