Diogo Ribeiro: primeiro crisálida, agora definitivamente mariposa
Diogo Ribeiro: dois títulos mundiais em cinco dias (FPN/Simonecastrovillari)

Diogo Ribeiro: primeiro crisálida, agora definitivamente mariposa

NATAÇÃO18.02.202401:00

Venceu final dos 100 metros mariposa e junta-lhe recorde nacional. Após os 50 metros mariposa, Diogo Ribeiro conquista dois títulos mundiais nestes campeonatos em Doha, no Catar

Em tão pouco tempo, tão-só cinco dias, Diogo Ribeiro entrou para a história do desporto português como um dos seus melhores atletas e o melhor na natação. O jovem, de apenas 19 anos, é desde já um prodígio, de precocidade das suas conquistas, mas pelo talento que demonstra, que é indesmentível. É um fenómeno à escala global na sua modalidade e tem um futuro de sucessos que só a ele caberá estabelecer os limites.

Para já, duas medalhas de ouro mundiais consecutivas na mariposa, nas distâncias mais curtas, de 50 e 100 metros, em menos de uma semana. Com espanto só para quem não o viu nadar na última segunda-feira. Diogo braceja com o vigor de que pode sempre ganhar. E naquele ondular do corpo e projeção de braços em constante frenesim percebe-se que está a perto de dar-nos (mais) uma alegria, mal os respingos da água da piscina acalmem - e surja no ecrã o seu nome completo Diogo Matos Ribeiro, a bandeira de Portugal e a classificação. O número 1, a primeira posição, PRIMEIRA! CAMPEÃO! CAMPEÃO DO MUNDO!

No sábado, em Doha, capital do Catar, no penúltimo dia da natação pura no Mundial de Desportos Aquáticos de 2024, a meia da tarde em Portugal, Diogo Ribeiro mergulhou do bloco da pista 4 da piscina. Demorou 0,62 centésimos de segundo a reagir ao tipo de partida. Não foi o mais rápido, mas de longe não entrou com atraso na água. Nadou os primeiros 50 metros em 23,84 segundos, o segundo melhor tempo, apenas batido pelo neerlandês Nyls Korstanje que fez uma primeira piscina balística (23.50 s). 

Nos primeiros metros após a viragem, este nadador de 25 anos destacava-se claramente de uma linha de adversários em se incluía Diogo Ribeiro. Por instantes surgiu a dúvida se a vantagem do líder seria inalcançável – o que constituiria surpresa, uma vez que não se perfilava entre os principais candidatos após as meias-finais -, mas a partir dos derradeiros 25 metros começou rapidamente a perder fulgor. 

E do alinhamento até então indefinido de perseguidores emergiu Diogo Ribeiro, cuja ponta dos dedos a cada braçada parecia avançar perante os demais. Mas com tanta água em estardalhaço, só naquele momentozinho que sucede ao último toque na parede e a tecnologia de cronometragem esclarece, é que os portugueses puderam soltar a voz em celebração. Porque a isso leva estas corridas tão apertadas, decididas ao centésimo. O que separa a glória do ouro da consolação de um lugar fora do pódio.

Por isso com essa diferença, de um piscar de olhos, de escassos centímetros na água, se fazem os campeões, e daí o mérito e o valor da proeza Diogo Ribeiro. De ganhar. Porque só um poderá ser campeão. O português conquistou o título, o ouro, na distância olímpica de 100 metros mariposa, e juntou-lhe o recorde nacional, com 51,17 segundos, eclipsando os 51,30 com que já tinha batido a anterior melhor marca, nas meias-finais, na véspera. O austríaco Simon Bucher, de 23 anos, fez somente mais 11 centésimos (lá está, o esgar que pode fazer um campeão), com 51,28 s, levando a medalha de prata, enquanto o polaco, da mesma idade, Jakub Majerski (51,32), demorou mais 15 centésimos do que Ribeiro para agarrar o bronze. O neerlandês-foguete nos 50 metros iniciais ficou fora do pódio, na quarta posição, sem metal.