«Uma mentira dita muitas vezes...»: a pergunta que irritou Abel

Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, não disfarçou o desagrado em relação a um jornalista que o questionou, após o empate com o Marisol (1-1), sobre se esta seria a pior versão da equipa apesar do forte investimento.

«Por que é que investiu meio bilião [de reais]? Vou explicar-lhe. Se você não sabe, vou dizer-lhe: mais de um bi em cinco anos. Então, se o Palmeiras compra, é porque tem dinheiro para pagar. É porque faturou em títulos e em vendas para poder comprar jogadores. Mas diga, pode dizer», começou por reagir.

«Essa é uma opinião sua e opinião não vou discutir. Nós, há um mês e meio, estávamos em primeiro no Libertadores, em primeiro no Campeonato, na Taça. Agora, não estamos a passar um bom momento. Como te disse, trocámos 12, 13 jogadores, jogadores jovens que vieram, jogadores que contratámos que estão lesionados. Desses 1,2 bi, os melhores jogadores que nós tínhamos, vendemos. E hoje, em função daquilo que é o crescimento, da credibilidade nacional e internacional... vendemos um central por 35 milhões. Não sei se tu sabes. Um central por 35 milhões ao Chelsea.Vendemos um ponta de lança ao Real Madrid. Vendemos o Estêvão ao Chelsea. Portanto, acho que desses 60 ou 70 milhões de vendas, se nós investirmos 20%, porque precisamos, agora é trabalhar com os jogadores que temos. Não é chegar, ver e vencer. Isto não é sim, 'ah, porque eu paguei'. Porque se fosse assim, o Paris Saint-Germain tinha que ganhar sempre. Porque por ano investiu em 4 ou 5 anos 870 milhões de euros. E não ganha sempre», explicou.

E prosseguiu: «Portanto, o que nós temos de continuar a fazer, independentemente das narrativas que tu crias e os teus colegas criam... se o Palmeiras investe é porque tem dinheiro. E esse dinheiro surgiu com os títulos que nós ganhámos. Com títulos e com vendas de jogadores. Por isso, a pergunta que se faz é 'Porque é que o Palmeiras investiu esse dinheiro?', 'Porque é que o Palmeiras pode investir esse dinheiro?' Há cinco anos não podia. Há quatro não podia. Há três não podia. Lembra-se do que falei aqui? Porque é que agora pode? Pagou a quem devia, certo? Vendeu os jogadores a preços bem vendidos e agora temos de comprar para continuarmos a ser competitivos.»

«Agora, não me escondo, e não adianta criar essa narrativa, sim, não estamos a jogar aquilo que podemos e que vamos jogar, mas para isso precisamos de um bocadinho de tempo. Desde o primeiro dia que cheguei aqui, nunca prometi nada. A única coisa que prometo é qualidade no meu trabalho e ajudar os meus jogadores quando as coisas não estão bem. Porque depois cada um olha para aquilo que quiser. Vocês só falam nos 500, 500, 500, 500, mas há cinco anos vendemos mais de 1,5 bilião de jogadores. Por isso é que nós hoje podemos vender e somos uma equipa admirada e respeitada, não só nacional, mas como internacionalmente», acrescentou.

E recordou também Richard Ríos, que está na agenda do Benfica: «Se estamos assim tão mal, porque é que toda a gente quer vir aqui buscar jogadores à nossa equipa? Porque é que fomos buscar o Ríos e toda a gente quer vir aqui buscar? Uma coisa tenho de assumir: sim, hoje não fizemos um bom jogo. Mas entendo as narrativas que se criam. Uma mentira dita muitas vezes... os nossos adeptos começam a acreditar naquilo que vocês dizem. Cheguei ao Brasil há cinco anos e tenho um respeito, um carinho e uma admiração pelos adeptos que é mútua. Acho que nunca na história do Palmeiras o clube esteve tão bem desportiva e financeiramente.»