Ukra confessa que a despedida «foi melhor do que imaginou»
ESTELA SILVA/LUSA

Ukra confessa que a despedida «foi melhor do que imaginou»

NACIONAL23.05.202416:16

Extremo terminou a carreira na passada sexta-feira, ao serviço do Rio Ave

O Rio Ave-Benfica, disputado no Estádio dos Arcos, na última sexta-feira, marcou o fim de carreira de Ukra, extremo dos vila-condenses, que teve direito a uma grande homenagem do público.

Em entrevista à agência Lusa, o agora ex-jogador revela que a despedida foi ainda melhor do que estava à espera, e confessa que nunca irá esquecer o momento em que abandonou o relvado, aos 17 minutos: «Parece que os astros se alinharam para ser um momento inesquecível. O meu número é o 17, o último jogo foi no dia 17 [de maio], saí ao minuto 17, depois de 17 épocas como profissional. Foi uma festa alegre e feliz, como eu. Foi muito melhor do que imaginei.»

A continuidade no futebol era uma hipótese, mas Ukra reconhece que preferiu «dar o que podia» ao emblema de Vila do Conde e não prosseguir a carreira em divisões inferiores: «Acho que se quisesse continuar, e talvez o conseguisse, teria que baixar um patamar. Mas preferi dar aquilo que ainda podia ao Rio Ave e acabo com muito orgulho pela carreira que fiz e por todos os clubes que passei.»

«Tinha noção do carinho e do respeito que as pessoas têm por mim, no âmbito profissional e pessoal. Mas as quantidades de mensagens de felicitações surpreenderam-me. Aproveito para deixar uma palavra de agradecimento ao Benfica, que é um clube que não fez parte do meu passado, mas que se associou à minha despedida em campo com um gesto muito bonito», frisou, acerca do corredor formado pelos atletas das duas equipas no momento da saída do campo, aos 17 minutos.

O futuro, garante, vai estar ligado ao desporto-rei, mas porventura noutra perspetiva: «Quero continuar ligado ao futebol, próximo dos adeptos, porque merecem o meu carinho. Se for possível, queria também estar com os mais jovens, pois sinto que deixei uma imagem de dedicação, profissionalismo e companheirismo. Era importante transmitir esse valores. Trabalho com uma agência criativa que está a tomar conta desse meu novo futuro, o que me deixa confortável e confiante. Gosto da publicidade, marketing e comunicação. Pelos vistos parece que tenho jeito», atirou.

Ukra jogou apenas 91 minutos esta temporada (ESTELA SILVA/LUSA)

«Costumo dizer que se as pessoas estivessem dentro da minha cabeça, estavam sempre a rir. Lembro-me de coisas incríveis, mas depois quero fazê-las. Não consigo explicar, mas a minha cabeça está sempre a funcionar, com coisas positivas e alegres», diz, acerca da boa disposição que lhe é reconhecida.

A carreira de Ukra ficou também marcada por várias lesões: «Já me disseram que se não tivesse tantas lesões talvez pudesse fazer uma carreira ainda melhor. Mas esta foi a minha realidade e sinto-me realizado com ela. Nem todos conseguiram chegar a este patamar. Só tenho que estar orgulhoso», sublinha.

Antes da derradeira substituição da carreira, o extremo beijou os dois joelhos, que «sofreram com injeções, agulhas, líquidos» ao longo dos anos: «Desde que sou profissional, não me lembro de jogar sem dores. Fui operado a um joelho ainda era júnior e, infelizmente, tive muitas outras intervenções. Foram momentos difíceis, mas fizeram-me crescer como homem e atleta. Ensinaram-me que temos que sofrer muitas vezes para ter aquilo que queremos. Sofreram com injeções, agulhas, líquidos, tratamentos e muito gelo. Já tive colegas que tiveram as mesmas operações e lesões e, infelizmente, deixaram de jogar. Por isso, tive de estar grato por estes joelhos se aguentarem tanto tempo», rematou.