ENTREVISTA A BOLA Tiago Fernandes: «Daniel Bragança tem tudo»

Acredita que o seu antigo pupilo vai voltar aos relvados no bom nível a que estava antes da grave lesão que sofreu a 15 de fevereiro, diante do Arouca

— Treinou Daniel Bragança no Sporting e no Estoril.Ele voltou a sofrer uma lesão grave num joelho, desta vez no cruzado anterior. Há algum risco ou poderá voltar no nível a que estava? 

— Sim. A lesão do cruzado, às vezes, tem mais consequências para jogadores com outras características, mais rápidos, sobretudo extremos . Mas o Daniel é um jogador muito inteligente, não vai perder mobilidade, nem elasticidade. Também não vai perder técnica nem velocidade da execução. Ele pensa mais rápido o jogo que os outros e vai fazer uma boa recuperação porque o departamento médico do Sporting é muito bom e vai ter todas as condições para voltar em pleno. Alias, até acho que ele voltou melhor da outra lesão [esteve parado toda a época de 2022/24 devido a uma rotura dos ligamentos do joelho direito].  Estava mais forte fisicamente, mais pujante, porque o resto tem tudo. 

 — Promoveu a subida dele dos juvenis do Sporting aos juniores. Como foi esse processo? 

 —  Ele era juvenil e dos mais pequeninos. Quando passámos para os juniores ninguém dizia que ele ia jogar porque tínhamos um grupo nos já formado há dois anos e muito forte, com enorme espírito de equipa . Estavam lá jogadores como o Bruno Paz, o Pedro Ferreira, o Thierry Correia, o Rafael Leão, o Luís Maximiano, o Pedro Marques. Eram maturacionalmente já desenvolvidos, muito homens. O Bragança ainda era mais menino e eles olhavam para aqueles meninos ainda como umas crianças, mas tinham só mais um ano. Quando o subi aos juniores disse: ‘Para pôr o Dani aqui no meio destes gajos tenho que começar já a encontrar uma estratégia’. Então, fomos para um torneio e coloquei-o no quarto com o Pedro Ferreira hoje no Santa Clara, que era o líder do grupo, sendo que havia um bocadinho uma rivalidade entre os de 1999 e os de 98. Eram um bocadinho rivais na mesma posição. Até o pus como capitão, caiu ali um bocado mal, mas era a única forma de eu o conseguir pôr ele ali no meio deles. E o e o Pedro Ferreira e o Bragança ficaram com uma amizade muito boa. Acabaram por jogar os dois no meio-campo, fizeram uma época fantástica, fomos campeões, batemos os recordes todos nesse ano de vitórias. Foi um ano muito bom e muito giro.