Taça de Portugal: Mariana Pinto e a «experiência de uma vida» por defrontar o Benfica
Mariana Pinto (Freamunde)

Taça de Portugal: Mariana Pinto e a «experiência de uma vida» por defrontar o Benfica

FUTEBOL FEMININO07.12.202318:41

Avançada do Freamunde enfrenta esta sexta-feira as tricampeãs nacionais em jogo da 3.ª eliminatória; concilia o futebol com o trabalho de operária fabril

A festa da Taça de Portugal passa amanhã pela cidade de Freamunde. A equipa local irá medir forças com o Benfica, às 16 horas, em jogo da 3.ª eliminatória da prova rainha do futebol nacional e Mariana Pinto, avançada portuguesa do conjunto nortenho, falou com a A BOLA, exteriorizando os sentimentos antes de um jogo «especial e marcante».

«Tenho o coração acelerado (entre risos). Vamos enfrentar apenas o tricampeão nacional e sabemos que será um jogo difícil. No entanto, estamos confiantes que podemos fazer um bom jogo, mostrar a nossa qualidade individual e coletiva. Para todas nós, trata-se de uma experiência de vida e vamos aproveitar ao máximo. Vamos lutar por um resultado justo mediante o que fizemos durante o jogo», disse a jogadora do clube que milita na 3.ª divisão.

Como está o ambiente na cidade na antecâmera de um jogo desta importância? Mariana responde: «É nestas situações que se vê o crescimento do futebol feminino. Cá, não se fala de outra coisa, seja nos cafés ou em qualquer outro lugar. As pessoas de Freamunde vão estar em peso no nosso Complexo Desportivo e isso enche-nos de orgulho. Estamos entusiasmadas e motivadas também pelas pessoas que nos acompanham. Os homens são aqueles que mais gostam de nos ver em campo. Dizem que preferem ver o nosso futebol, porque no masculino está tudo mecanizado e sentem que nós podemos fazer a diferença.»

Devido aos compromissos da Seleção Nacional, a formação encarnada irá apresentar-se, essencialmente, com as segundas linhas. A número 30 da turma nortenha não considera que isso seja propriamente uma «vantagem» para a sua equipa:

 «Sim, é verdade que não vão estar algumas das jogadoras mais conhecidas, como a Kika Nazareth, a Jéssica Silva, Lúcia Alves e outras internacionais, mas estamos a falar de um adversário, que tem muita qualidade. Para ser sincera, eu estou tão focada por defrontrar o Benfica, que não vou olhar para quem está a vestir a camisola. É um grande desafio às minhas capacidades enquanto jogadora.»

Na presente temporada, Mariana contabiliza 16 golos em 10 jogos e destaca que o trabalho desenvolvido começa a dar frutos: «Já sou agenciada por uma empresa- a Football player 09-, o que demonstra o reconhecimento do meu esforço. Tenho 22 anos e quero evoluir muito mais. Estou a dar o meu melhor para chegar à 1.ª divisão. Permito-me sonhar, mas com os pés bem assentes no chão.»

Marina marcou 16 golos em 10 jogos em 2023/24 (Freamunde)

Conciliar o futebol com o trabalho na fábrica

Tal como milhares de jogadoras amadoras, Mariana concilia o futebol com o emprego. «Trabalho na fábrica da minha mãe. Entro às 8 da manha e saio às 17 horas. Vou para casa descansar e depois vou para o treino à noite. Faço esta rotina 3 vezes por semana sem contar com o domingo, que é jogo. É normal que o cansaço tome conta de mim, mas temos que lutar pelo nosso sonho», afirmou.

A jogadora conta que nem sempre a mãe entendeu esse objetivo da filha. «Ela é de uma geração mais velha, em que, se calhar, uma mulher ser futebolista não era a coisa mais comum. A mentalidade sempre foi dar prioridade ao trabalho e, por isso, não entendia de ânimo leve o porquê de eu ficar em casa a descansar algumas segundas-feiras. Com o tempo, as coisas foram mudando e ela agora, se for preciso, é quem me dá mais na cabeça quando jogo mal. A minha mãe não percebe muito de futebol (entre risos), mas o facto de eu estar feliz a fazer o que eu mais gosto é o suficiente para ela.»

Mary P. é o nome utilizado na camisola