Neto quebrou longo jejum de golos marcados; A BOLA falou com o guarda-redes que tinha sofrido o último; Mikhail Kerzhakov ainda se lembra de tudo e envia mensagem ao defesa
Dez anos é muito tempo, muitos dias muitas horas a jogar. Dez anos, seis meses e oito dias ainda mais. Foi o tempo que passou entre os golos que Luís Neto marcou pelo Zenit ao Volga Nizhny Novgorod e pelo Sporting ao Dumiense, este a 26 de novembro, para a Taça de Portugal.
A BOLA falou com o guarda-redes da equipa russa que sofreu esse golo há mais de dez anos. E não é que ele se lembrava. Mikhail Kerzhakov ainda não sabia, naquela altura, que viria a ser companheiro de equipa do defesa-central português no Zenit, durante quatro épocas. E aproveitou a conversa com o nosso jornal para brincar com Neto.
«Lembro-me desse golo», atirou Kerzhakov, depois de informado por A BOLA que tinha sido o último guarda-redes a sofrer um golo de Neto, antes de Pedro Costa, do Dumiense.
«Lembro-me de que ele marcou de cabeça. Acho que Djodjevic cruzou para o poste mais distante e o Neto marcou. E empatou, porque o Volga tinha marcado o primeiro. Mas não sabia que tinha sido o último guarda-redes a quem ele marcou», acrescentou, com memória prodigiosa, Kerzhakov, que não evitou o sorriso.
Resumo do jogo entre Zenit e Volga Nizhny Novgorod, no qual Neto marcou um golo há mais de dez anos
Espreita-se no YouTube e lá está o golo de Neto como o guarda-redes russo descreveu, com apenas um detalhe a falhar — foi Viktor Fayluzin a cruzar.
«Não me lembro de todos os golos que sofri, mas lembro-me perfeitamente dos golos sofridos com o Zenit, porque esses jogos eram especiais», prossegue Kerzhakov, guarda-redes do Zenit, pelo qual foi contratado em 2015 e no qual jogava... Luís Neto.
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Kerzhakov esteve quatro épocas com Neto em São Petersburgo, embora numa delas o defesa-central tenha jogado seis meses no Fenerbahçe, por empréstimo. O guarda-redes não precisa de puxar muito pela memória para recordar «um verdadeiro lutador em campo». Neto, sublinha Kerzhakov, «nunca se poupou».
Luís, dou-te os parabéns do fundo do coração pelo golo que marcaste. Espero que marques mais vezes e que não marques um golo de dez em dez anos [risos].
«Lembro-me de que, mesmo nos treinos, salvava muitas vezes os guarda-redes quando estes falhavam. Ele era capaz, por exemplo, de fazer uma tesoura no último momento para a bola não entrar, mesmo que depois chocasse contra o poste. E, na vida social, era um tipo muito calmo, sorridente e positivo», partilha Kerzhakov.
No Zenit, Kerzhakov foi treinado por André Villas-Boas, jogou com Neto, Hulk, Witsel ou Javi García. Mas um português, acima de todos, deixou marca em São Petersburgo — Danny, antigo avançado internacional português que esteve 10 épocas no Zenit.
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«O primeiro português que me vem à cabeça é o Danny. Um jogador de topo, com qualidades de topo, um verdadeiro profissional, um verdadeiro capitão. É pena que, devido a uma lesão, tenha falhado o Europeu que Portugal venceu. Lembro-me de que o André [Villas-Boas] era muito emotivo. Os jogadores portugueses são de topo», argumenta Kerzhakov.
O guarda-redes do Zenit reconhece que não sabe muito do que se está «a passar na vida de Neto», assinalando que o defesa do Sporting «não é muito ativo nas redes sociais». Mas acrescenta que «tem uma ideia», afinal vê «os resumos dos jogos, especialmente das competições europeias» e viu os «melhores momentos do dérbi com o Benfica».
Da cabeça de Kerzhakov também outra coisa não sai. «Lembro-me de que o Luís tinha sempre a menor percentagem de massa gorda nos testes. Eu ficava em segundo, mas a diferença entre nós era grande. Durante aquele tempo todo teve sempre os melhores resultados nos testes», puxa o filme atrás, para prosseguir com uma história que revela uma explosão de euforia de Neto: «Outra memória bonita que tenho dele é a de quando Portugal foi campeão da Europa em 2016. Estávamos num estágio na Áustria. Eu e o meu irmão estávamos sentados numa sala a ver a final com a França. O Neto estava num quarto perto e quando soou o apito final conseguimos ouvi-lo a festejar a vitória e a gritar de alegria!»
28 novembro 2023, 08:30
Defesa-central praxado no treino após um golo que fugia há... dez anos. Fiel escudeiro de Rúben Amorim que ‘forçou’ sempre a sua renovação Aos 35 anos, não está excluída possibilidade de continuar nos leões após o final de carreira. A BOLA falou com antigos companheiros de equipa e todos aprovam a sua continuidade nos leões
Kerzhakov não deixou acabar a conversa com A_BOLA sem enviar uma mensagem a Neto. «Em primeiro lugar, Luís, dou-te os parabéns do fundo do coração pelo golo que marcaste. Espero que marques mais vezes e que não marques um golo de dez em dez anos [risos].E também te desejo saúde e prosperidade. Para ti e para toda a tua família. Sê feliz! Espero que tudo vos corra bem», despede-se, com emoção, Kerzhakov.
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