Sentimento de vitória: À Benfica!

NACIONAL28.11.202418:36

Vitória no Mónaco para a Champions valida decisão da mudança do treinador e relança equipa

Jogadores, equipa técnica e estrutura do futebol profissional do Benfica acordaram esta quinta-feira, ainda no Mónaco, com o sentimento de dever cumprido, retomaram as práticas e rotinas do protocolo depois de um jogo europeu e já começaram a pensar no jogo fora com Arouca, domingo, da 12.ª jornada.

O descanso de uma noite bem dormida serviu para aplacar emoções fortes de uma vitória sobre o Mónaco que alimenta o bom momento. E a preocupação, agora, é prolongá-lo. Mas desta visita a Monte Carlo sobram efeitos práticos e outros intangíveis significativos e que se podem resumir numa ideia simples — foi mesmo uma vitória importante.

O Benfica relançou-se na corrida pelo apuramento para a próxima fase da Liga dos Campeões depois de duas derrotas, com Feyenoord e Bayern, que ameaçaram o processo de recuperação em curso da temporada, após a substituição de Roger Schmidt por Bruno Lage. Quando falta jogar com Bolonha e Barcelona na Luz e Juventus em Turim, a qualificação para a fase seguinte da prova ficou mais perto. E, com isso, ficou mais perto de alcançar um objetivo.

O Mónaco, sabe-se, não é equipa de primeira linha do futebol europeu, mas ninguém pode ignorar que está num bom momento, tem equipa supercompetente, alguns jogadores, especialmente, o extremo Maghnes Akliouche, depressa chegarão aos melhores clubes europeus, está no segundo lugar do campeonato francês, somou três vitórias (Barcelona, Estrela Vermelha e Bolonha) e um empate (Dínamo Zagreb) na competição. Daí que esta vitória dos encarnados, mesmo sem ser sublime na forma, ou seja, no futebol jogado, tenha direito a entrar na galeria das melhores, neste palco, nos último anos, como o recente 4-0 ao Atl. Madrid, o 3-1 ao Salzburgo, os 2-1 e 4-3 à Juventus, o 3-0 ao Barcelona ou o 1-0 ao Ajax em Amesterdão.

A vitória teve, então, esse efeito desportivo decisivo para o Benfica prosseguir bem encaminhado na principal prova europeia e, ainda menos menosprezável, um efeito emocional tremendo. A reação de jogadores e adeptos, no final, é a melhor prova disso. Todos sentiram o significado do triunfo, festejou-se muito e, como raras vezes, sem o total controlo emocional. Neste caso positivamente. Nunca visto esta época Lage chamou-os os jogadores para uma roda no centro do relvado depois de todos terem recuperado do choque físico e mental de 90 minutos da mais elevada intensidade — alguns deixaram-se cair pelo relvado, outros abraçaram-se efusivamente outros libertaram sozinhos a pressão gritando.

«Confiem, c...! Confiem, que a gente precisa de todos! Hoje foram os gajos do banco que vieram ganhar isto! Estamos a fazer uma época do c...! Demonstração de força! Vamos embora com tudo!», pode ouvir-se o treinador dizer, na linguagem própria do balneário fechado a sete chaves, aos jogadores, confortando-lhes o ego, convocando-os para as batalhas do futuro, juntando-os num objetivo comum.

Seguiu-se, depois, uma momento único, esta época, e raro, num contexto mais alargado, de comunhão de felicidade e união com os adeptos. A equipa demorou-se a agradecer-lhes o apoio, sentiram-se em casa desde o primeiro segundo em que pisaram o relvado, ainda vestidos com roupa mais formal no primeiro contacto com o estádio. Durante o jogo o Estádio Louis II foi um miniestádio da Luz. Numa das bancadas laterais e numa das bancadas atrás da baliza também se percebeu que o significado do momento. Fez-se uma festa que foi maior do que a vitória.

Algumas horas depois também prevalece a ideia de que a vitória sobre o Mónaco foi imperfeita e que, também por isso, foi boa. Ainda há muito por melhorar, coletiva e individualmente, mas os 90 minutos com o Mónaco mostraram uma equipa capaz de superar obstáculos e lidar com contrariedades, de recuperar quando tudo se encaminhava para estar perdido.

A vitória reforça a ideia de que todos contam — Arthur Cabral e Amdouni entraram na segunda parte e marcaram, Leandro Barreiro voltou para dar uma ajuda importante. E deixa claro, se ainda fosse preciso, como Di María está um nível acima.

O que fica do Mónaco, resumiu de forma simples alguém com a máxima responsabilidade, é mesmo uma vitória importantíssima e de nível. Uma vitória que todos, no clube, gostam de descrever como vitória à Benfica. E que ninguém, no Benfica, quer que se esgote naqueles 90 minutos no miniestádio da Luz.