Projeto financeiro, auditoria e o Benfica de Rui Costa e de LF Vieira
— Como avalia o atual momento das contas do Benfica?
— O Benfica tem situação financeira muito precária. O Benfica tem um problema crónico de tesouraria. O Benfica duplicou, nos últimos quatro anos, a sua dívida bancária. De cerca de 100 milhões de euros passou, em quatro anos, para aproximadamente €200 milhões. O Benfica gastou mais de mil milhões em quatro anos. E os resultados foram absolutamente pífios. É preciso apresentar soluções financeiras para parar esta hemorragia e começar imediatamente a inverter todo este caminho de degradação financeira do Benfica.
— Empréstimos obrigacionistas foram muleta de Luís Felipe Vieira e de Rui Costa. Seriam muleta para si?
— Existe um projeto de continuidade, até os modelos de financiamento são os mesmos. O empréstimo obrigacionista é uma alternativa, é um recurso, é algo que só deve ser utilizado em situações muito específicas, porque a taxa de juro é muito elevada. E o risco é muito elevado. Neste momento o Benfica terá cerca de €180 milhões em empréstimos obrigacionistas. E o Benfica tem de reduzir imediatamente. Os juros de dívida do Benfica ultrapassam os €10 milhões. É muito dinheiro que está a escapar entre as mãos do Benfica. Todo o modelo de financiamento do Benfica tem de ser alterado, para critérios de rigor e competência com parceiros internacionais confiáveis. Apresentarei soluções para num curto espaço de tempo termos as nossas contas equilibradas e podermos fazer investimentos na equipa de futebol.
— Investimento estrangeiro, é a favor?
— O Benfica tem uma estrutura de SAD muito complexa. A génese do Benfica é alicerçada nos sócios e tem de continuar. Essa solução não trará qualquer vantagem aos cofres do Benfica. Mas há uma coisa que o Benfica precisa de fazer. É fundamental. Há um acionista de referência que está constantemente a colocar as ações à venda em leilão [José António dos Santos]. O Benfica não pode permitir isto. Para a imagem do Benfica, para a reputação do Benfica, não pode haver alguém, todas as semanas, a vender ações, a fixar o preço das ações. Pelo que recomprarei as ações que estão em Bolsa. É fundamental para a reestruturação do Benfica. O Benfica terá uma valorização da sua SAD de cerca de €110 milhões, o nosso rival da segunda circular vale o dobro, €200 milhões. É impensável, porque não é real. E numa avaliação conservadora da KPMG, o Benfica terá, a SAD do Benfica, avaliação de €600 milhões. Se o Benfica quer recomprar, sentam-se os dois à mesa e cheguem a um acordo. Quem vende essas ações é empresário reputado. Portanto, quer vender, a SAD quer comprar, então recompra essas ações. Benfica tem de valorizar a SAD e em vez da entrada de fundos estrangeiros — sou completamente contra — tem de arranjar três ou quatro parceiros estrangeiros estratégicos, com 5 por cento de capital cada um, máximo 20 por cento, e ter nesses parceiros estratégicos um aporte positivo.
— O Benfica da presidência de Rui Costa é melhor, igual ou pior que o Benfica da presidência de Luís Filipe Vieira?
— Não consigo fazer essa comparação, não seria justo. Luís Filipe Vieira esteve 18 anos, Rui Costa esteve quatro anos. Não é justo, temos aqui uma linha de tempo infinitamente maior e diferente. Na fase final do mandato de Luís Filipe Vieira as coisas estavam a correr mal e Rui Costa não soube fazer a mudança, foi um ato de continuidade para pior. E eu já disse uma coisa que foi pior. Quando Rui Costa chega à presidência, o Benfica tinha uma dívida financeira de €100 milhões, neste momento são €200 milhões.
— Pedirá uma auditoria independente, se for eleito?
— Quando se chega, é imperioso fazer uma auditoria, mas para perceber em que fase é que estão os dossiers. Para percebermos qual é o ponto zero. Não contem comigo para auditorias de caça às bruxas. Não perco tempo com o passado. Vou fazer essa auditoria, se forem detetados factos que sejam merecedores de uma outra tutela, cá estaremos para remetê-los para quem de direito.
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