O povo pede «fica Abel», mas treinador diz que vai «pensar»
Abel Ferreira bicampeão do Brasileirão. Foto: IMAGO
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O povo pede «fica Abel», mas treinador diz que vai «pensar»

«Não sei se tenho energia», confessa. Leila promete fazer «o possível e o impossível» pelo português. Instantes antes, treinador e presidente tinham levantado troféu do Brasileirão

O Palmeiras conquistou o Brasileirão, o segundo seguido, 12º da história, pelas mãos de Abel Ferreira que, além de dois campeonatos nacionais, também já ganhou duas Taças dos Libertadores, uma Copa do Brasil, duas edições do Paulistão, uma supertaça brasileira e uma supertaça sul-americana ao serviço do gigante alviverde. Eis o motivo pelo qual os adeptos palmeirenses não querem, jamais, perdê-lo. Eis, entretanto, o motivo para o treinador se sentir saciado e, porque não, cansado. 

Os festejos do título do Verdão começaram em Belo Horizonte, onde o empate na casa do Cruzeiro na última madrugada, com golos de Endrick, para o Porco, e de Nikão, para a Raposa, foi mais do que suficiente para ganhar o campeonato, e continuaram nas ruas e nos bares de São Paulo horas a fio mas a torcida palmeirense sente uma leve angústia no peito: Abel sai ou fica? 

«Para o ano que vem vai ser pior ainda, não teremos descanso, vão ser jogos atrás de jogos, vamos ter jogadores chamados para seleções e começamos dia 17 de janeiro a competir, os clubes do Paulistão já se estão a preparar para enfrentar e vencer um Palmeiras que ainda vai estar de férias e o que vão exigir de mim? Que faça melhor do que fiz no ano passado», disse o treinador, em conferência de imprensa, logo a seguir a ouvir das bancadas do Mineirão o grito «fica Abel» mais o célebre cântico «cabeça fria, coração quente, o Abel é palmeirense como a gente» e antes de levar o tradicional banho de água gelada do plantel.

«Tenho contrato mas não posso garantir nada, não sei se tenho energia suficiente para dar a estes jogadores o que me deram», prosseguiu. «O que preciso neste momento é de descansar».

A presidente Leila Pereira, entretanto, fará de tudo pela continuidade. «Toda a gente me pergunta se o Abel vai ficar, nem sequer dizem primeiro 'bom dia' ou 'boa tarde', nós estávamos muito focados na conquista deste título, agora, vou comemorar, não falei até aqui com ele sobre esse assunto e ele também não falou comigo».

«O Abel tem trabalhado da mesma forma que trabalhou ao longo dos últimos anos, essa polémica na imprensa surgiu agora, há pouco tempo mas de uma coisa o torcedor pode ter a certeza absoluta: o meu desejo é que o Abel fique por muito tempo no Palmeiras, e eu vou fazer o possível e o impossível por isso. É isso que eu posso garantir».

Com a dúvida sobre a continuidade de Abel em cima da mesa, a conquista do Brasileirão mais esquisito dos últimos anos, numa maratona em que o Botafogo chegou a ter 14 pontos a mais do que o campeão, ficou para segundo plano, até porque já estava quase assegurada desde o fim de semana. 

«Quando estávamos a 14 pontos, tivemos uma reunião com os jogadores e traçamos dois objetivos: um de resultado, que era lutar pelo título, dissemos que só tínhamos um caminho que era lutar pelo título até o fim, e outro que era o nosso orgulho, o nosso caráter, de uma equipa que ganha títulos de forma consistente». «Eu amo estes jogadores, essa é a grande verdade, gosto muito, muito deles, é a minha segunda família, tenho duas filhas, mas eu gosto desses caras...», prosseguiu.

«Quando ganhas tanto, cobram-te como se fosses perfeito e eu não sou perfeito, tenho medos, dúvidas, inseguranças, a única coisa que faço é viver o presente, aqui e agora, mais importante do que o destino ou o caminho, é a companhia».

Caixinha e Oliveira ficam

Em Bragança Paulista e em Cuiabá não há novela: Pedro Caixinha e António Oliveira já confirmaram que ficam no Massa Bruta e no Dourado em 2024. 

«Há algum tempo, a direção desportiva e os advogados do clube já estão tratando sobre isso com os meus representantes. Já tem muita coisa definida, falada. Muito em breve será finalizada a negociação», disse Caixinha após a derrota, que lamentou, na casa do Vasco da Gama. 

O objetivo do português no próximo ano é que «comportamentos sejam consolidados e a equipa evolua em alguns aspectos, como lidar melhor com os momentos de decisão».  

Oliveira já tinha colocado os pontos nos is: «Para ficar tudo esclarecido, eu tenho contrato até dezembro de 2024, coloca-se, portanto, logo aí uma pedra no assunto da minha continuidade, a não ser que o presidente queira mandar-me embora». 

Após convincente vitória por 3-0 sobre o Athletico Paranaense e um surpreendente 12º lugar, o português confirmou apuramento para a Copa Sul-Americana do próximo ano.