EXCLUSIVO A BOLA «O Brasil não é só São Paulo e Rio. No Mato Grosso, de onde vim, é muito difícil...»

INTERNACIONAL11.02.202509:30

Na terceira de quatro partes da entrevista a A BOLA, Vanderson, jogador dos monegascos e da seleção do Brasil, recorda a infância e fala ainda de Pepê, do FC Porto, com quem jogou no Grêmio e de como o Mónaco pode ser surreal para um 'miúdo' de 20 anos

– Falemos um pouco de si: como foi a sua infância? 

Eu apaixonei-me pelo futebol desde que me conheço como gente. A minha paixão sempre foi jogar futebol com os amigos, brincar com a bola. As minhas memórias de infança têm sempre uma bola. Depois, veio o sonho, assistindo aos jogos, vendo ídolos de infância na TV... “Pô, eu quero chegar ali, eu quero estar um dia nesses palcos, com essas torcidas, com esse pessoal”, pensava eu. E fui-me alimentando desse sonho.  

Vanderson jogou no Grêmio nas temporadas 2020 e 2021 (foto: Imago)

– E havia oportunidades em Rondonópolis? 

Pois, eu vim de uma zona no Brasil que é muito difícil ter acesso ao futebol. Tive dificuldades, comecei tarde. Todos pensam que no Brasil é tudo como São Paulo ou como o Rio, O Brasil não é só isso. Eu venho do Mato Grosso, mais distante. Mas o sonho sempre existiu e, com muita perseverança, consegui passar por cima dos obstáculos e consegui realizar o meu sonho e da minha família também. 

– Entretanto, chega a profissional no Grêmio, num balneário onde encontra Pepê, agora no FC Porto. Que memórias tem dele? 

– Quando subi a profissional em 2020, ele estava lá. O Pepê atravessava uma ótima fase e foi rapidinho.... Eu lembro-me que subi e, depois, em seis meses, o FC Porto levou-o. Fez grandes campeonatos no Brasil, ajudou bastante o Grêmio.

Vanderson durante a apresentação no Mónaco em 2021 (foto: Imago)

– Com 20 anos, aterra no Mónaco, o local mais rico do Mundo, com iates, grandes carros, luxo por toda a parte... Como foi? 

– [risos] Eram coisas que a gente só via pela televisão. Quando chegamos aqui, dá um certo medo. Será que é mesmo real? Depois, acostumei-me. É uma nova cultura, com características próprias, um novo modo de vida. Fez parte também do crescimento do Vanderson atleta, mas, sobretudo, do Vanderson enquanto pessoa. Cresci muito aqui. Mas isto às vezes é surreal e obriga-nos a entrar na realidade, porque a verdade é que o Mónaco, Montecarlo é um pouco distante da realidade de todo o mundo.