ENTREVISTA A BOLA «Não renovaria contratos de Di María e Otamendi com o Benfica»

Posição clara de João Diogo Manteigas sobre uma das questões em aberto no futebol dos encarnados, pois os argentinos estão a terminar o vínculo

— Renovaria contratos com Di María e Otamendi?

— Neste preciso momento, não. Não renovaria nem com um nem com outro. Pelas necessidades da formação do Benfica e, também, pela própria condição física, particularmente em relação a Di María. E até por uma questão económica.

28 fevereiro 2025, 09:00

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— Qual é a sua posição em relação à venda constante de jogadores?

— É um modelo de negócio que existe em Portugal e que o Benfica aprofundou com base na sua formação e não só, à medida que o tempo vai passando, mas tornou-se dependente disso. Eu quero acabar com essa dependência. O modelo de negócio não está incerto, o modelo de negócio está correto, mas é preciso mais retenção de jogadores.

— Mais tempo de clube antes de avançar uma transferência?

— O meu modelo desportivo está completamente assente na formação. Não posso vender um João Neves para resolver os meus problemas financeiros, quando o João Neves, no mínimo, tem de fazer três anos, ganhar títulos, e, depois sim, ser eventualmente vendido com mais-valia brutal. A mais-valia brutal está nos jogadores da formação. Não está propriamente nos jogadores que contratamos por €20 milhões e vendemos depois por €21 iu ou €22 milhões. O modelo desportivo tem de mudar completamente para haver maior retenção de talento. Apostar na formação, sim, contratar jogadores, sim, estrangeiros como mais-valia. Temos relação muito boa com o mercado argentino, com o brasileiro. Temos de tentar outros mercados também. Mas vendas de jogadores, captação de receitas, têm de começar imediatamente a pagar dívida. Os juros dos empréstimos obrigacionistas estão a subir e estamos a falar dos maiores juros que existem. Se não começarmos já, isto vai continuar. Até ao dia em que acontece uma desgraça e o Benfica não vai ao novo formato da Liga dos Campeões. O Benfica não demonstra condições de solvência. Tem de acabar também a ideia de que ganhando está tudo bem. ‘Ganhei um campeonato, quero é ganhar, quero ganhar’. O problema é se eu um dia mais tarde não tenho condições para ganhar.