«Não há guerreiro que aguente tantos golpes»: crónica do SC Braga-Qarabag
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LIGA EUROPA «Não há guerreiro que aguente tantos golpes»: crónica do SC Braga-Qarabag

NACIONAL15.02.202423:54

Equipa de Artur Jorge incapaz de sarar feridas de Alvalade; Ausência de Horta acentua problemas; Penálti de Moutinho dá esperança para Baku

Envergonhou e desiludiu. Outra vez. Sem adornar as palavras, o treinador do SC Braga tinha assumido o desejo de deixar uma imagem diferente, depois da goleada sofrida no reduto do Sporting, mas não conseguiu encontrar o orgulho ferido. A equipa de Artur Jorge foi incapaz de ultrapassar os golpes sofridos em Alvalade, e até juntou mais umas quantas pancadas a um corpo que parece combalido desde a festa da conquista da Taça da Liga. Um pontapé de penálti de João Moutinho, já em período de compensação, ainda maquilhou ligeiramente a face da eliminatória, mas as perspetivas de chegar aos oitavos de final da Liga Europa não são nada cativantes.

Cedo deu para perceber que as feridas, recentes, não permitiam que os guerreiros encarassem a noite europeia de forma convicta, ainda para mais na ausência do capitão, Ricardo Horta. Acabado de regressar do Campeonato Africano das Nações, Simon Banza entrou, assim, diretamente para onze, e assumiu as primeiras iniciativas bracarenses, mas a estratégia de ataque raramente encontrou fio condutor. A indisponibilidade de Ricardo Horta veio acentuar a falta que Bruma tem feito, até porque Álvaro Djaló ainda não entrou verdadeiramente em 2024. A decisão de colocar Abel Ruiz a partir da esquerda também não foi feliz, e nem a braçadeira de capitão motivou o avançado espanhol a escapar à obscuridade.

O SC Braga só despertou com mais um golpe, a juntar aos de domingo. E autoinflingido, o que também não é novidade: uma abordagem disparatada de Víctor Gómez deu penálti ao Qarabag, e permitiu que Marko Jankovic abrisse a contagem.

«YES, we CAN»

Se a equipa azeri tinha chegado à vantagem de bola parada, o SC Braga não fez rogado ao recorrer à mesma fórmula para restabelecer o empate, à beira do intervalo. De um pontapé de canto nasceu um golo inspirado no Campeonato Africano das Nações. Jankovic ainda fez de guarda-redes para evitar o golo de cabeça do maliano Sikou Niakaté, mas a bola sobrou para a recarga do congolês Simon Banza.

«Sim, nós podemos dar a volta a isto», parecia dizer a equipa portuguesa. Pura ilusão, alimentada pelo sinal positivo dado por Álvaro Djaló logo no recomeço, a obrigar Andrey Lunev a defesa apertada.

Queda para o desequilíbrio

Novamente de bola parada, na sequência de um livre desviado na barreira, o Qarabag conseguiu recuperar a vantagem no marcador, por intermédio de Abdellah Zoubir. O lance ainda foi inicialmente anulado por pretenso fora de jogo, mas depois devidamente validado com recurso ao VAR. Tal como o terceiro golo da equipa azeri, assinado por Juninho.

Assim que se viu novamente em desvantagem, Artur Jorge decidiu apostar num 4x4x2, já com Roger no lugar de Djaló, Zalazar encostado mais à direita e Abel Ruiz mais perto de Banza. Isso desequilibrou ainda mais a equipa, que ainda sofreu um quarto golo, apontado por Zoubir. Três golos no espaço de 15 minutos, um pouco à imagem do que já tinha sucedido em Alvalade. O SC Braga não melhorou substancialmente com as entradas de Pizzi, Cher Ndour e Joe Mendes, mas conseguiu reduzir a diferença graças a uma iniciativa individual de Roger, a justificar mais minutos. O jovem avançado conquistou um penálti que João Moutinho converteu, já em período de compensação. Curto para evitar nova desilusão e correspondente assobiadela.