FIFA ameaça expulsar o Brasil das provas internacionais

Em causa está a interferência de um tribunal do Rio de Janeiro, ao afastar presidente da CBF e substituí-lo interinamente por um juiz, ingerência que FIFA e CONMEBOL não toleram

A FIFA ameaça excluir a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e todos os seus clubes das competições internacionais. Em causa está a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) de afastar Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF e de obrigar a convocar eleições até à última semana do próximo mês de janeiro. Algo visto como interferência externa a uma federação por parte de terceiros, situação que a FIFA não tolera.

«As associações-membro da FIFA devem gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de qualquer tipo de terceiros», pode ler-se na carta que a FIFA e a CONMEBOL enviaram à CBF, na qual os dois organismos sublinham não reconhecer José Perdiz, presidente do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como líder interino da CBF, nomeado pelo TJRJ para garantir a gestão federativa até à iminente realização de eleições.

«Se, devido a esta influência de terceiros na sua gestão, a CBF for eventualmente suspensa pelo órgão competente da FIFA, ela perderá todos os direitos de filiação com efeito imediato e até que a suspensão seja levantada pela FIFA. Isso também significará que a CBF, equipas representativas e clubes perderiam o direito a participar em qualquer competição internacional enquanto a CBF estiver suspensa», acrescenta a missiva.

Uma eventual suspensão poderia deixar a seleção do Brasil fora da Copa América, que os Estados Unidos recebem entre junho e julho de 2024, e poria em causa a participação de clubes brasileiros na Taça Libertadores ou na Sul-Americana.

FIFA e CONMEBOL agendaram uma visita ao Brasil na primeira semana de janeiro de modo a poderem «reunir-se com os envolvidos, examinar a situação atual e trabalhar em conjunto para encontrar uma solução» e deixaram um sério aviso: «Planos eleitorais sem autorização dos órgãos internacionais não serão admitidos.»

José Perdiz, líder interino da CBF e que, além de presidente do STJD, foi ministro-interino da Justiça, já respondeu à carta da FIFA: «É com satisfação e respeito que recebemos esta nova carta da FIFA. Vejo como um sinal positivo, mas, por determinação da Justiça, devo convocar as eleições dentro do prazo estabelecido. É necessário conduzir esta etapa observando os marcos legais, em consonância com o estatuto da própria Entidade e da FIFA.»