19 fevereiro 2025, 10:00
«Quero que os adeptos queiram ver sempre o meu próximo jogo»
Ex-adjunto de Jürgen Klopp, de 36 anos, assume a A BOLA que é o momento de ser treinador principal
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– Como tens visto nestes últimos meses o campeonato português?
– Até dezembro, fui acompanhando muito pontualmente...
– Por exemplo, é um campeonato em que os grandes já mudaram o treinador.
– Neste ano, não só os grandes. Quando olhamos para a Liga de fora, e sem grande profundidade naquilo que vou dizer, a primeira coisa que sentimos é sobretudo que foi um ano com muitas mudanças de treinador. E isso confere uma natureza muito própria à Liga, porque também impede que a qualidade do jogo evolua e cresça. Vemos casos muito interessantes na classificação, casos de sucesso em termos classificativos, que são de treinadores que até começaram a época. O Santa Clara, por exemplo, já vem com o Vasco (Matos) desde época passada. A Liga também cresce quando esta sustentabilidade existe. Quando olhamos para Inglaterra, se calhar agora devido às estruturas diretivas irem mudando um pouco menos, vemos que é muito mais fácil ou dão-te muito mais tempo para construir algo para o futuro. E isso é muito importante também para aquilo que é a própria qualidade de jogo e do produto.
19 fevereiro 2025, 10:00
Ex-adjunto de Jürgen Klopp, de 36 anos, assume a A BOLA que é o momento de ser treinador principal
– Tem a ver um bocadinho com a cultura desportiva, porque é muito difícil, se calhar, explicar a um adepto do FC Porto, do Benfica e do Sporting, que vão ter um ano zero. Como o FC Porto teve este ano, por exemplo...
– Mesmo nos anos zero às vezes tu ganhas. O problema é quando se olha para aquele treinador e quem decide verifica que é ok, que é mesmo por ali, aquela relação é construída e depois... O Jürgen, se não estou em erro, disse na apresentação da Red Bull que quer pôr os treinadores a trabalhar nos clubes durante dez anos. Acaba por ser um pouco assim: essa aposta e acreditar, e essa sustentabilidade e esse suporte. Quando isso existe e, lá está, há este alinhamento em termos de visão, muitas coisas boas possam acontecer. Agora, depende do contexto do clube, do seu momento, da ligação que as pessoas conseguem criar com os adeptos. Em Portugal, existem as SAD, mas ao mesmo tempo há os clubes associativos e isso muda um bocadinho a perspetiva sobre aquilo que é o próprio clube. As pessoas vivem de forma diferente de outros lados porque são sócios do clube. Olhar também dessa forma para os clubes ajuda-nos também a perceber a importância que isso tem, sobretudo numa liga como a portuguesa. A forma de como o sócio vive o clube e tem peso naquilo que são as decisões para o futuro do clube não existe, por exemplo, em Inglaterra. E essa ligação ao associado tem de ser tida em conta também pelo treinador. A afiliação ao clube é maior! No fim, tu jogas para os sócios e não para os donos.
19 fevereiro 2025, 10:30
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– E como é que tu tens visto o FC Porto? Estás ligado ao FC Porto, o Pep também trabalhou no clube...
– Acima de tudo é reinventarem-se. Ficou muito claro desde o início com a nova direção. Existiu e existe um conjunto de preocupações para os quais se procura encontrar soluções e quer-se conseguir construir algo para o futuro, que garanta a sustentabilidade do próprio clube. A direção atual tem uma visão vencedora e muitas pessoas que lá estão estiveram também envolvidos noutros períodos do FC Porto. Conhecem o clube, conhecem a ambição, conhecem as pessoas, conhecem a cultura. E o FC Porto é um clube especial quando se fala disto, a mística do clube, esta paixão, esta ambição, este profissionalismo, esta capacidade de se reinventar, capacidade também para conseguir unir as pessoas em torno de um sentimento comum. É algo que o clube tem como especial e acredito que, no fim, vão consegui-lo. Agora, é um momento em que, acima de tudo, as pessoas têm de se unir porque só quando existe um sentimento comum entre treinador, plantel, clube e adeptos, é que a coisa... é que se consegue construir uma tempestade perfeita em termos de futebol.
– Mesmo neste ano em que, apesar de estarem na luta, as coisas não têm corrido assim tão bem, não é?
– Sim. Não estou por dentro, é muito difícil para mim conseguir dar uma resposta com mais profundidade, mas acho que acima de tudo há pequenas coisas que se podem construir e também ganhar, não só o resultado. Há outras coisas a ganhar em termos de cultura e em termos de identidade. Há muitas coisas a ganhar.
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– A entrada de Anselmi já foi um bocadinho mais nessa perspectiva, se calhar, não é?
– Sim. A pensar numa ideia mais projetada para o futuro. Acho que sim, é uma visão, uma aposta clara de que forma a estrutura e o clube olham para aquilo que é o futuro. Quando existe uma aposta assim, é claro de que forma querem que o clube evolua e continue a crescer.
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