Borges entende «a felicidade», mas não se sente campeão e quer «travar a euforia»
Rui Borges está convencido de que as suas palavras foram mal interpretadas (Foto Miguel Nunes)

Benfica-Sporting, 1-1 Borges entende «a felicidade», mas não se sente campeão e quer «travar a euforia»

NACIONAL10.05.202521:14

Treinador do Sporting após o empate com o Benfica

Rui Borges, treinador do Sporting, em declarações na conferência de imprensa, após o empate com o Benfica, que adia a decisão do título para a última jornada.

- Que análise faz ao jogo?

- A ambição, coragem e compromisso desta equipa é incrível. Sabíamos que defrontávamos uma grande equipa, em casa, e que seria muito difícil jogar com este ambiente. Tínhamos de manter o equilíbrio emocional durante todo o tempo de jogo e conseguimos. Chegámos ao golo cedo, o que nos deu confiança, mas talvez nos tenha empurrado para trás demasiado cedo, algo que não queríamos, mas foi natural perante um grande adversário. Fomos controlando o jogo, mesmo assim, mas o Benfica mexeu e só não conseguimos anular o lance do golo, numa jogada em que tiveram alguma sorte, com duas escorregadelas de jogadores nossos. Depois faltou-nos um pouco mais de calma com bola para tomar melhores decisões no último terço. A uma jornada do fim, num jogo importantíssimo… quem não sente não é filho de boa gente e por mais que digamos que não há ansiedade, vai existir sempre. Cada um lida à sua forma.

- Juntou Gyokeres e Harder nos últimos minutos para tentar ser campeão já?

- Nós arriscámos porque o Benfica nos últimos minutos estava a expor-se mais, à procura do 2-1, mas com maior risco. E o Harder dava-nos capacidade de aceleração que o Trincão já não estava a dar e que o Pote também já não conseguia.

- Sente-se mais campeão depois deste empate?

- Não, não me sinto mais campeão. Sinto que dependemos só de nós e que isso é muito bom. Temos de ser sérios porque sei bem a equipa que estará do outro lado, porque já a liderei.

- Ouviram-se os jogadores a festejar na zona dos balneários. Foi o empate mais saboroso da carreira?

- Já disse que não. Tenho de ganhar o último jogo, se não este empate não tem sabor nenhum. O grito de alegria dos jogadores é por saberem que dependemos apenas de nós e num jogo em nossa casa, com o apoio dos nossos adeptos, que têm sido incríveis. É natural que eles expressem essa felicidade. Mas já lhes passámos que falta um jogo. Ainda não ganhámos nada. Temos de ser tão sérios como fomos aqui para ganhar ao Vitória.

- Acredita no do lado do Vitória há gente a querer tirar-lhe o título?

- Acredito que sim. Uma parte dos adeptos ficou chateada por eu ter saído a meio da época, o que eu levo para o lado positivo, porque significa que sentiam um carinho grande pelo treinador e não o queriam ver sair. O Vitória ainda pode chegar à Europa e é uma das melhores equipas do campeonato. Eu sei porque estive lá e conheço bem a qualidade dos jogadores.

- A principal tarefa esta semana será travar a euforia?

- Claramente. Temos de travar a euforia. Temos de nos focar no que depende de nós dentro de campo. É natural a euforia dos adeptos porque vão estar em nossa casa para nos empurrar. A onda verde à saída de Alcochete foi incrível. Só me lembro de ver uma coisa assim no Europeu 2004. Isso foi importante para nos empurrar para sair daqui a depender apenas de nós próprios, só falta um jogo, perante um adversário difícil, e em nossa casa.

- Não vai poder contar com Hjulmand na última jornada. Isso preocupa-o?

- Não me preocupa nada. Se olharem para trás, já o perdemos a ele, ao Viktor [Gyokeres], e vários jogadores ao longo da época. E tivemos de arranjar soluções para chegar aqui a depender de nós. Ele fez um grande jogo, é muito importante, mas quem jogar vai dar uma resposta enorme. Até porque vai estar a substituir o capitão, o que ainda vai dar mais força. Estou super-tranquilo em relação a isso.

- O Sporting apostou mais no jogo direto. Foi estratégia, ou mérito da pressão do Benfica?

- Não foi estratégia. Foi mérito do adversário. Termos feito golo logo no início fez com que a equipa se contraísse um pouco. Mas mesmo com um bloco baixo, a equipa teve um comportamento fantástico, apesar de o Benfica se manter no nosso meio-campo, fomos estando bem organizados. Eles foram felizes no golo. Sem grandes oportunidades, conseguiram marcar.

- Em termos pessoais, como viveu o jogo?

- Estive super-tranquilo. Tinha dito que estes são os jogos que me deixam mais calmo e é verdade. Foi a semana mais tranquila, mesmo sabendo tudo o que implicava o jogo. Sou muito positivo e isto é um jogo de futebol. Queremos muito ser bicampeões, mas temos de olhar para a vida como ela é. Sofrem muito mais os meus e devem ter tomado uns calmantes, mas para mim foi dos jogos em que estive mais tranquilo.

- Vimos jogadores a demorar tempo e Rui Silva até levou cartão amarelo. Houve indicação do banco?

- Não. Eu treino o Sporting! Alguma vez ia dizer à minha equipa para queimar tempo? Foi mérito do adversário, que é uma grande equipa que estava do outro lado. Jamais ia dizer à equipa para baixar o bloco.