«Benfica tem duas formas de resolver o problema dos estatutos»

NACIONAL24.02.202513:14

João Diogo Manteigas garante que a candidatura à presidência do clube não depende da alteração estatutária e analisa, em declarações exclusivas a A BOLA, a «ilegalidade» encontrada na proposta

João Diogo Manteigas, jurista, candidato à presidência do Benfica, analisou em declarações exclusivas a A BOLA a «ilegalidade» na nova proposta de alteração de estatutos do clube.

Uma notícia avançada pelo Correio da Manhã indica a existência de «ilegalidade» no artigo 66, n.º 2, alínea E, que na proposta final de alteração estatutária define que a Direção «deve garantir que a maioria do órgão de fiscalização» das sociedades em que o clube tenha participações sociais «tem de ser composta por membros do Conselho Fiscal do Benfica». Ora o artigo 414.º do Código das Sociedades Comerciais, no seu ponto 6,  determina que, «em sociedades emitentes de acções admitidas à negociação em mercado regulamentado, o conselho fiscal deve ser composto por uma maioria de membros independentes».

«O Benfica tem uma de duas hipóteses. Pode convocar uma assembleia geral para aprovação dos estatutos, mesmo tendo a noção de que existe esta ilegalidade, aprovam-se os estatutos, e o Benfica manda o documento para a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo parecer meramente consultivo. A PGR analisa ilegalidades e irregularidades, devolve ao Benfica, que pode agendar nova assembleia geral, corrigir o que deve ser corrigido e submeter a aprovação, com base no parecer da PGR», explica o advogado.

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Manteigas apresenta outra hipótese: «Há uma segunda via, a hipótese que eu defendo. O Benfica deve convocar uma assembleia geral para debater incongruências e potenciais ilegalidades e sanar imediatamente essas ilegalidades e irregularidades em assembleia Geral. Nos dias seguintes, Mesa da Assembleia Geral (MAG) e Presidente da MAG (José Pereira da Costa) podem reformular a redação final dos estatutos, deixando-a limpa, e submeter o documento a consulta dos sócios no prazo de 30 dias. Assembleia geral para corrigir, submeter a consulta dos sócios e depois a votação. Temos tempo, não há pressa, ninguém tem objetivos políticos, são os estatutos do Benfica e têm de ser bem feitos.»

João Diogo Manteigas explica igualmente que a ilegalidade encontrada «não nasce da qualquer proposta dos sócios, mas sim da proposta global de consenso da Direção». E dirige-se a seguir à atual Direção do clube.

«A Direção de Rui Costa cria uma comissão de revisão estatutária, ficou responsável pela mesma Jaime Antunes, que era vice-presidente. A comissão apresentou uma proposta global que teve alterações posteriores por parte da Direção do Benfica. Houve uma proposta consensual apresentada pela comissão, mas essa proposta foi editada pela Direção», sublinhou.

Por fim, Manteigas deixa garantias de que a questão dos estatutos não influenciará a sua candidatura, dado que terá 25 anos de sócio efetivo em outubro, mês em que deverão realizar-se as eleições encarnadas: «Isto não representa rigorosamente nada do ponto de vista da minha candidatura, que não depende dos estatutos, continuo a ser elegível. Não precisamos dos estatutos, só precisamos que os estatutos do Benfica sejam legais. É isso que queremos.»

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