Praça será o palco das celebrações de Benfica ou Sporting, seja já no próximo sábado, seja na última jornada

«Lembro-me das pessoas a chorar, este dérbi vai ser a mesma coisa»

Miguel, antigo lateral de Benfica, Valência e Seleção Nacional, esteve num jogo inesquecível para as águias há 20 anos e agora lança o de sábado

Miguel, 45 anos, antigo lateral-direito do Benfica e da Seleção Nacional, está naturalmente entusiasmado com o dérbi deste sábado, para a Liga, entre Benfica e Sporting. Há (quase) 20 anos estava na Luz, enquanto jogador de Giovanni Trapattoni, quando Luisão fez o 1-0 ao minuto 83 e esse foi também um dos motivos da conversa exclusiva com A BOLA.

Começámos, no entanto, pelo presente. «Parece-me que o Benfica já teve momentos melhores, parece-me que joga melhor fora de casa do que em casa. Não sei se acusa a pressão, mas funciona melhor como equipa nos jogos fora. Há as vitórias sobre FC Porto, Atlético de Madrid e Aves na Luz, é verdade, mas a equipa acaba, por vezes, por ser inconstante», observa Miguel.

O antigo lateral, que fez parte importante da carreira no Valência e numa altura em que a equipa valenciana estava logo abaixo dos gigantes de Espanha, elogia Pavlidis: «Apareceu finalmente e a equipa tem sabido aproveitar o bom momento dele, não marcou com o Estoril, mas está em excelente forma e prova que estamos errados quando temos tendência para criticar e não damos tempo aos jogadores.»

O Benfica, sublinha, «tem de ter sorte, mas tem sobretudo de procurar a sorte». «Será um jogo bantante equilibrado, um jogo de título, a equipa que entrar melhor, que cometer menos erros e aproveitar as oportunidades será a equipa vencedora», acrescentou.

«O Sporting também não está num grande momento, mas vai ser um jogo entre duas equipas de topo e que querem ganhar, por isso espero um grande jogo e que não apareçam aqueles casos que nada têm a ver com futebol. Como benfiquista, espero, naturalmente, que a equipa consiga fazer um bom jogo e dar uma alegria aos adeptos», afirma Miguel, que considera que «o Sporting oscilou com as mudanças de treinador».

O facto de o Benfica ter tido muitos problemas do lado direito da defesa, ao ponto de continuar a jogar com Tomás Araújo, um central adpatado, também foi tema: «Os responsáveis pelas contratações com certeza já terão jogadores debaixo de olho, há que ter dois jogadores por posição para não termos um central a jogar a lateral. Desde a saída de Gilberto, o Benfica só tem um e o lateral, neste caso Bah, precisa de sentir que tem alguém a pisar-lhe os calcanhares. As pessoas do Benfica têm de pensar muito bem a próxima época.»

Miguel explica depois que «adoraria» ver os laterais-direitos João Cancelo e Nélson Semedo regressar ao Benfica — «Tanto um como o outro, são grandes jogadores, têm enorme qualidade, podem trazer coisas muito boas» — e, por fim, recuou 20 anos para falar do dérbi de 14 de maio de 2005, quando Luisão fez o golo da vitória do Benfica, que acabaria por ser campeão.

«Muitas emoções, tivemos a sorte do jogo, as equipas bateram-se bem. O Sporting tinha ligeira vantagem, mas nós conseguimos, acreditando, ganhar o jogo. Lembro-me da Luz cheia, pessoas a chorar no final do jogo, este vai ser a mesma coisa», explicou, antes de acrescentar que os jogadores sentiram que ganharam ali a Liga: «Quando fomos para o último jogo no Bessa — e os jogadores falavam entre si — sentíamos que o título já não escapava.»

Por fim, Miguel, que viu de fora o golo solitário do dérbi, pois saíra aos 78', deu o seu veredito sobre o lance capital. Foi ou não foi falta? «Para mim, foi legal! Luisão só tocou na bola, mas há pessoas que dizem que foi falta. Luisão saltou e de cabeça fez golo, Ricardo chegou tarde e pediu falta. Mas são boas recordações, já não me lembrava desse jogo, espero que se repita o resultado e que seja o suficiente.»

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