Benfica não escapa a mão pesada da UEFA
Pirotecnia pode voltar a sair cara ao Benfica (Maciej Rogowski/IMAGO)

Benfica não escapa a mão pesada da UEFA

NACIONAL09.11.202318:07

Organismo confirma a A BOLA que relatórios da partida com a Real Sociedad já estão a ser analisados; bascos apresentaram queixa ao delegado; risco de jogos à porta fechada

O Benfica vai pagar caro pelo mau comportamento dos adeptos no jogo com a Real Sociedad. Os relatórios do árbitro inglês Anthony Taylor e do delegado ao jogo, o belga Johny Vanspauwen, já estão a ser analisados pela UEFA, confirmou a A BOLA a entidade que tutela o futebol europeu. O procedimento disciplinar vai ser aberto desde logo porque o arremesso das tochas consta dos dois relatórios (isso seria suficiente), mas também porque, sabe A BOLA, a Real Sociedad apresentou queixa ao delegado da UEFA. 

«Os relatórios oficiais de todos os jogos disputados ontem [quarta-feira] à noite estão, neste momento, a ser analisados», informou a UEFA, através de e-mail, depois de questionada pelo nosso jornal. «Quando os assuntos [incidentes, n.d.r.] são reportados, os procedimentos são abertos e, caso conduzam a sanções disciplinares, estas serão anunciadas no site. Não temos mais informação a prestar nesta fase», acrescentou o organismo. 

Durante o jogo com a Real Sociedad, os adeptos do Benfica deflagraram cerca de 20 tochas. Tudo começou antes do início do jogo, durante o hino da Liga dos Campeões, e agravou-se na segunda parte, aos 53 e 59’, quando duas foram atiradas do anel superior para o inferior, onde se encontravam os adeptos bascos. 

Nicolás Otamendi, antes da marcação de um canto, insurgiu-se contra o mau comportamento e pediu aos adeptos para pararem com o lançamento das tochas deflagradas. Foi nessa altura que se ouviu, através do sistema de áudio do estádio, que o jogo seria suspenso ou mesmo abandonado se não cessassem aquele comportamento. E foi nessa altura que os bascos manifestaram a maior indignação com o cântico «esse portugués, qué hijo puta es». 

A Real Sociedad, sabe A BOLA, também apresentou uma queixa formal ao delegado da UEFA, para lá de ter anunciado, publicamente, que vai agir judicialmente contra os «delinquentes», como foram classificado pelo presidente do clube basco, Jokin Aperribay. O dirigente pediu também desculpa aos sócios e adeptos da Real Sociedad por não terem sido detetados todos os artefactos pirotécnicos que os benfiquistas levaram para o estádio, reconhecendo que o problema «não é fácil de resolver».

Antecedentes

O Benfica pode esperar, pois, mão pesada da UEFA. A 9 de maio foi condenado ao pagamento de 35 mil euros e à proibição de vender bilhetes para um jogo fora nas competições europeias, justamente por comportamentos semelhantes. Em Milão, contra o Inter, na segunda mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, os adeptos do Benfica arremessaram oito tochas para a bancada dos adeptos dos nerazzurri, para lá da deflagração de mais 18 e do rebentamento vários de petardos. No total, foram deflagrados, segundo a UEFA, 74 artefactos pirotécnicos. Na defesa que apresentou durante o inquérito, o Benfica argumentou, por exemplo, que estava comprometido a evitar episódios idênticos, que a responsabilidade da organização, segurança e revista era do clube visitado, que foi por decisão dos nerazzurri que os adeptos ficaram numa zona superior do estádio e que, por isso, foi criada uma situação de alto risco, que fez tudo para informar os seus adeptos de que não tolerava maus comportamentos, que os incidentes não tiveram influência no jogo ou que enviou uma carta a pedir desculpa ao Inter

A defesa do Benfica, neste novo processo, não deverá ser muito diferente. Mas também não deverá sensibilizar a UEFA, que rejeitou aceitar a argumentação das águias como circunstâncias mitigantes. O Comité de Disciplina considerou, no entanto, a reincidência como fator agravante da pena. E sublinhou que, nos últimos dois anos, o Benfica foi punido 13 vezes por uso e deflagração de artefactos pirotécnicos e quatro por arremesso de objetos. O que se passou no jogo com a Real Sociedad só agrava o cadastro. Para lá de multa, o Benfica arrisca não só a ser impedido de ter adeptos nos jogos fora como também jogar de porta fechada na Luz. A decisão do Comité de Disciplina não deverá demorar mais de um mês a ser conhecida.