«A preparação da época, na minha opinião, esteve longe de ser a melhor»
Roger Schmidt junto ao banco de suplentes no Estádio da Luz. Foto: IMAGO/Maciej Rogowski
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«A preparação da época, na minha opinião, esteve longe de ser a melhor»

NACIONAL11.12.202310:00

Júlio Machado Vaz considera que as palavras de Roger Schmidt não têm ajudado a situação; o médico psiquiatra acha, no entanto, que Rui Costa faz bem em manter a confiança no treinador

O Benfica tem vivido dias difíceis. A eliminação precoce na Liga dos Campeões e a liderança perdida no campeonato culminaram com uma audível e visível contestação a Roger Schmidt, no jogo contra o Farense, no momento em que o técnico realizou duas substituições quando se encontrava em desvantagem no encontro. Rui Costa saiu em defesa do treinador alemão um dia depois, para acalmar os ânimos entre a massa associativa encarnada. 

A BOLA esteve à conversa com várias personalidades, que falaram sobre o momento conturbado que a águia atravessa.

Júlio Machado Vaz, médio psiquiatra e sexólog. Foto: PEDRO TRINDADE/ASF

— Como avalia a intervenção de Rui Costa ao defender Roger Schmidt?

— Independentemente da minha opinião sobre o treinador, sendo um homem de confiança do presidente, o Rui até o deveria ter feito antes [defesa do treinador], antes de chegar à situação inaceitável de sexta-feira passada.

— Depois da contestação no jogo com o Farense e as declarações de Rui Costa, é possível reparar a relação entre os adeptos do Benfica e Roger Schmidt?

— Meu caro, eu tenho 74 anos, tudo isso depende dos resultados. Quando se ganha, está tudo bem.

Mudança de treinador? Isso é um conflito entre a razão e a emoção.

— Que motivos têm os benfiquistas para acreditar que a equipa vai melhorar?

— Ouça, há questões com as quais não nos devemos iludir. A preparação da época, na minha opinião, esteve longe de ser a melhor. Veja-se posições como o ponta de lança, defesa esquerdo, segundo defesa direito… não falo no meio-campo, porque Kokçu esteve lesionado e agora, provavelmente, dará o rendimento que era esperado dele. É um jogador que aprecio. É um aspeto [a preparação da época] pelo qual presumo que todos são responsáveis. Depois, também temos de condenar tudo o que se passou na sexta, mas também reconhecer que o senhor Schmidt não tem tornado as coisas fáceis. Tem tido… enfim, situações de grosseria para com os jornalistas, frases muito pouco felizes sobre os adeptos. Em termos do que é a sua função, e evidentemente eu sou um treinador de bancada como todos os outros, acho que Roger Schmidt tem muita dificuldade em ler o jogo e emendar a mão.

— Faz sentido mudar de treinador e, se for esse o caso, quem gostaria de ver no Benfica?

— Isso é um conflito entre a razão e a emoção. Tirando a péssima campanha europeia, o Benfica está numa posição em que ainda pode ganhar aquele que é sempre o grande objetivo, o campeonato nacional. E, portanto, eu compreendo que a estrutura não veja razões para mudar de treinador, para além de aspetos como os financeiros, de acordo com o que li nos jornais. Se o treinador aguenta este tipo de contestação, é uma dúvida. Parece-me que o senhor Schmidt está cada vez mais irritado e inseguro, mas posso estar enganado. E, portanto, até pode haver uma iniciativa que parta dele, não faço ideia. Mas pronto, para responder diretamente. Eu, no lugar de Rui Costa, manteria o treinador. Não penso que neste momento faça sentido mudar.

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