A história do guarda-redes da Samoa Americana que sofreu 31 golos... num só jogo
Aos 43 anos, e 23 anos depois da goleada histórica, Nicky Salapu ainda joga futebol pela Samoa Americana (X/@FIFAcom)

A história do guarda-redes da Samoa Americana que sofreu 31 golos... num só jogo

Há 23 anos, Nicky Sapalu era o guarda-redes de uma das mais pesadas derrotas da história do futebol

Samoa Americana. Uma ilha no meio do Pacífico, com pouco menos de 50 mil habitantes e cerca de 200 quilómetros quadrados de área - mais ou menos duas vezes o espaço ocupado pelo concelho de Lisboa.

Apesar do seu reduzido tamanho, o estado samoano não é imune à paixão do futebol. A nação tornou-se membro da FIFA em 1998 e, a partir daí, têm tentado a qualificação para o Campeonato do Mundo, ainda sem sucesso.

Há 23 anos, porém, o panorama do futebol na Samoa Americana era muito diferente do que é hoje. Se, para o Mundial 2018, a equipa venceu dois jogos e só sofreu quatro golos, em três partidas de apuramento para a prova de 2002, não marcou em nenhum dos quatro jogos que fez, nos quais sofreu... 57 golos!

De todas as goleadas, uma delas tornou-se histórica, e é aí que entra o herói desta narrativa. Nicky Salapu, hoje com 43 anos, tinha apenas 20 quando assumiu as redes da seleção samoana contra a Austrália. Resultado final: 0-31! Em entrevista à BBC, o mais futebolista mais vezes internacional pelo seu país assume que «foi preciso conter as lágrimas».

Salapu que recorda a juventude e inexperiência da sua equipa, que contava com 19 indisponíveis, uma vez que a FIFA só permitiu que participassem jogadores com o passaporte do estado. «Tivemos de ir buscar quem quer que fosse em duas semanas. Acabámos por recorrer às escolas secundárias.» Três jogadores titulares tinham 15 anos e a média de idades era de 18.

Recorda o guarda-redes que o objetivo era «não sofrer mais que 22 golos», resultado aplicado pelos Socceroos a Tonga no seu jogo anterior. Ainda, assim, nunca os atletas australianos abrandaram - Archie Thompson apontou 13 golos - algo que Salapu considerou «uma atitude antidesportiva».

Foram precisos 10 anos para que, já com o técnico Thomas Rongen, a Samoa Americana chegasse a uma vitória. Em 2011, precisamente frente a Tonga, os samoanos triunfaram por 2-1. «Estava tão feliz, mas tive de conter a emoção, para focar no jogo», diz, aquando do segundo golo da sua seleção. «Foi a primeira vez que chorei com o futebol em 10 anos, desde a derrota com Austrália», conclui o futebolista de 43 anos.

Goleada que serviu de inspiração a Hollywood

Em 2023, Taika Waititi, realizador de vários filmes como Jojo Rabbit ou O Que Fazemos nas Sombras, adaptou este acontecimento para o cinema, com O Próximo a Marcar Ganha. Protagonizado por Michael Fassbender, esta comédia baseia-se na histórica goleada. É um filme de ficção baseado em factos reais, avaliado com um misto equilibrado de críticas positivas e negativas e fez perto de 18 milhões de dólares - cerca de 17 milhões de euros - de receita nos cinemas a nível mundial.

Destaques