A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Sporting-Arouca

Miguel Nogueira, árbitro internacional da AF Lisboa, fez curta viagem até ao Estádio José Alvalade, onde dirigiu o Sporting-Arouca de ontem. O jogo foi intenso e teve elevado grau de dificuldade.

Eis resumo técnico dos lances mais relevantes da partida:

8’ Autogolo de Rui Silva, após atraso de St Juste. Lance inesperado mas legal.

17' Erro da equipa de arbitragem, em particular do videoárbitro, que dispunha de imagens suficientes para dissipar quaisquer dúvidas: o Sporting empatou por intermédio de Conrad Harder, mas na sequência de infração anterior de Gonçalo Inácio sobre Henrique Araújo. O central português empurrou as costas do avançado madeirense de forma muito clara (com a mão esquerda).

27' Viktor Gyokeres protestou alegada falta de Chico Lamba, mas sem razão. O defesa arouquense ganhou a frente com contacto legal.

34' Infração bem assinalada de Alfonso Trezza sobre Francisco Trincão. O uruguaio derrubou o adversário já perto da sua área defensiva. Bem o árbitro.

44' Remate na queima de Pablo Gozálbez levou a bola a bater no braço esquerdo de João Simões, que estava junto ao corpo e em posição natural. O jogador do Sporting nunca fez qualquer movimento ou gesto irregular. Lance bem analisado na área do Sporting.

45' Henrique Araújo, apesar de estar em posição irregular, tentou movimentar-se para o centro da área, forçando passagem que Hjulmand impediu com obstrução física, semelhante a placagem, na zona do peito/pescoço do adversário. Esta ação, a de procurar colacar-se em melhor posição, não é considerada como interferir ativamente com o adversário. Esteve bem o VAR a recomendar revisão do lance. Pontapé de penálti bem assinalado, advertência correta do médio dinamarquês. Nota: o executante do pontapé não tem que sair do terreno, se sofreu lesão na jogada. O árbitro pediu para abandonar antes de saber que seria penálti. Nessas circunstâncias, fez bem ao permitir o regresso antecipado do avançado madeirense. É esse o espírito da regra.

45+7' Fontán nunca jogou a bola com o braço, quando essa ficou comprimida entre o seu corpo e o de Gyokeres. Foi o atacante sueco quem o fez, embora de forma reflexa. Não houve motivo para que se assinalasse pontapé de penálti contra os visitantes. Esteve bem Miguel Nogueira.

48' Pontapé-livre direto executado por Francisco Trincão bateu no braço esquerdo de Fontán, que estava na barreira, junto ao corpo e em posição defensiva. Tudo certo.

59' Nandín derrubou Hjulmand na área da equipa lisboeta. A bola ainda acabou dentro da baliza de Rui Silva, mas o jogo estava já interrompido.

62' Segundo cartão amarelo bem exibido a Hjulmand após atingir, com o braço/cotovelo direito, o pescoço/peito de Fukui (a bola estava jogável no solo). O médio do Sporting impediu a progressão do adversário recorrendo a expediente demasiado arriscado para quem já tinha sido advertido. Sob o ponto de vista técnico, a decisão do árbitro lisboeta não merece reparos.

68' Fukui derrubou João Simões, criando depois ataque muito prometedor. A infração não foi assinalada pelo árbitro da partida.

69' Amarelo bem mostrado a Quenda, após atitude antidesportiva (empurrão) a Jason.

74' Golo legal de Francisco Trincão, a restabelecer o empate em Alvalade.

77' Loum devia ter sido advertido após abordagem negligente (pisão) sobre o pé de João Simoes.

78' David Simão usou o corpo para obstruir a progressão de Quenda, anulando saída prometedora do adversário. Viu com justiça o cartão amarelo. 

90+2' Amarelo bem mostrado a Nico Mantl, por demorar tempo excessivo na reposição da bola em jogo.

Nota - 4