Ramalho Eanes (esq.) junto a Marcelo Rebelo de Sousa (Foto: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA)

Ramalho Eanes condecorado com Ordem Militar de Avis

Marcelo Rebelo de Sousa toma iniciativa para o 10 de junho, comemorado este ano em Lagos

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou o antigo chefe de Estado general Ramalho Eanes com o grande-colar da Ordem Militar de Avis, durante a cerimónia do 10 de Junho em Lagos. O general foi Presidente da República entre 1976 e 86.

Na cerimónia militar do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, falaram o Presidente da República e a escritora e conselheira de Estado Lídia Jorge, que preside à comissão organizadora destas comemorações. 

Ordem Militar de Avis
A Ordem Militar de Avis destina-se a premiar altos serviços militares, sendo exclusivamente reservada a oficiais das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, bem como a unidades, órgãos, estabelecimentos e corpos militares.

Marcelo lembrou a passagem de vários povos em Portugal. «Não há quem possa dizer que é mais puro e mais português do que qualquer outro. Os portugueses são experientes, resistentes, criativos, heróis nos momentos certos, capazes de falar línguas, de entender climas e usos, de conviver com todos, de construir dia a dia pontes. Nós somos portugueses, somos universais. E somos universais porque somos portugueses», disse o Chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa com o ministro da Defesa, Nuno Melo e o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas General José Nunes da Fonseca (JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA)

Também a escritora deixou uma crítica à ascensão dos extremismos. «Consta que em pleno século XVII, 10% da população portuguesa teria origem africana. Esta população não nos tinha invadido. Os portugueses os tinham trazido arrastados até aqui. E nos miscigenámos. O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro. A falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade (...) Cada um de nós é uma soma. Tem sangue do nativo e do migrante. Do europeu e do africano. Do branco e do negro. E de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou.»

(atualizado às 13h14)