Sistema tácito: o desmantelar da teia
Bilhetes apreendidos pela PSP

Sistema tácito: o desmantelar da teia

OPINIÃO20.05.202410:15

André Villas-Boas vai ser implacável com aqueles que lesaram o FC Porto. Há notáveis na lista de culpados, aqueles estão num silêncio sepulcral...

Uma das cruzadas que André Villas-Boas vai travar quando assumir a presidência da SAD do FC Porto no próximo dia 28 será a bilhética. O novo presidente promete ser implacável com todos aqueles que ao longo dos últimos anos tenham lesado, de forma direta ou indireta, o clube nas mais variadas circunstâncias. Uma das suas bandeiras da campanha eleitoral foi realizar, assim que assumisse o poder absoluto — entenda-se clube e SAD —, auditorias externas a duas áreas bem específicas do futebol, designadamente a relacionada com a bilhética e também em torno das contratações e comissões pagas a jogadores contratados nos últimos anos para a equipa B.

André Villas-Boas conhece melhor do que ninguém os meandros em que se está agora a inserir e depois da Operação Pretoriano surge agora a Operação Bilhete Dourado, que denuncia uma clara rede de venda ilegal de bilhetes que terá lesado a instituição azul e branca em milhões de euros nas últimas temporadas.

André Villas-Boas vai rasgar o atual protocolo que existe entre a SAD e os Super Dragões, pondo fim a um submundo de negócios espúrios e que permitiram a funcionários e ao clã Madureira enriquecerem de forma ilícita. O pior da questão é que foi sempre com o beneplácito da SAD liderada por Pinto da Costa. O próprio Ministério Público dá mesmo conta de que seria uma espécie de contrapartida por serviços prestados pelos elementos do Super Dragões nos últimos anos.

Este esquema desmantelado pela PSP, que já era conhecido há anos, sem contudo ser denunciado pela parte mais prejudicada, no caso concreto o FC Porto, será assim uma das primeiras medidas que André Villas-Boas vai erradicar de uma vez no FC Porto. Admite-se que o presidente de sente à mesa com as claques para tratar de futuras parcerias, mas num contexto completamente díspar, terminando desta forma com a denominada Guarda Pretoriana, um braço armado com ligação direta à atual Administração liderada por Pinto da Costa.

Todos aqueles que lesaram de forma reiterada o emblema azul e branco serão denunciados publicamente por André Villas-Boas e, pelo andar da carruagem, não lhe chegarão uma mão cheia de conferências de imprensa para divulgar os seus nomes. O presidente do FC Porto tem uma tarefa hercúlea pela frente e muitos outros negócios serão alvo do mais ínfimo escrutínio da nova equipa jurídica e direita do homem que destronou Pinto da Costa do poder. Muitos deles, certamente, estarão neste momento com suores frios...