Opinião: Cabral do Schmidt
Roger Schmidt Foto: IMAGO/GEPA pictures

Opinião: Cabral do Schmidt

OPINIÃO15.12.202309:40

'Cortar a direito', por João Diogo Manteigas

 Quem sabe se não foi a pressão exercida pelos sócios e adeptos no final do jogo na Luz contra o Farense o que mais motivou as tropas para a partida decisiva na Áustria frente ao Salzburgo e que valeu a manutenção nas competições europeias esta época 2023/24? 

Os atos condenáveis de arremesso de objetos na direção do treinador já mereceram punição à Benfica SAD de 3.825 €. Mas ficaram alguns tópicos por resolver e que futuras vitórias só servirão para escamotear a necessária resolução. Falo das reações da dupla de assalariados Schmidt & Cabral após o jogo frente ao Farense. 

O líder das águias agiu de forma dicotómica ao solidarizar-se com o seu treinador para alvejar o ponta de lança com ameaça de disciplina interna. Sem dúvida que são dois atos comportamentais distintos ainda que dirigidos ao mesmo grupo alvo. Quanto ao brasileiro, que atire a primeira pedra quem não conhece muitos treinadores (e exímios líderes de homens) que jamais considerariam o nome do atleta na convocatória seguinte. Sobretudo, partindo do pressuposto lógico que a própria Direção iria dar indicações no sentido de que o jogador estaria indisponível por motivos disciplinares, apesar deste ter demonstrado «arrependimento público» pelo seu gesto. 

Chocaria, assim tanto, a suspensão temporária interna do atleta com base no artigo 18.º do regime jurídico do contrato de trabalho do praticante desportivo? E não se pode (nem se deve) avaliar este caso contemplando o facto de ter sido ele a marcar o golo da vitória na Áustria. Este golo não invalida a gravidade do ato que praticou nem sana a responsabilidade profissional que deve demonstrar a todo o tempo. Nem escrevo sobre o investimento em si feito com toda a expetativa criada e aproveito, já agora, para declarar que sou insuspeito sobre Cabral por ter defendido publicamente a sua aposta com base em 84 golos marcados desde que aterrou em Basileia por empréstimo do Palmeiras na época 2019/20. 

Quem acreditaria que, neste nosso futebol nacional, um jogador com tanto golo não se imporia desde cedo? Já sobre Schmidt a conversa é outra. Ninguém se deve atrever a expulsar os sócios da sua própria casa até ao final da época. Esticou-se e há que meter freio.