Treinador do Sporting fala sobre gestão do avançado e possível saída no verão

Gyokeres voa no vazio de Anselmi

Jornada 25 tirou a prova dos nove: nove é a diferença do primeiro para o terceiro; nove são as jornadas que faltam para o fim do campeonato; nove são os jogos do treinador argentino FC Porto sem que haja ali uma ideia interessante. 'Regresso' do n.º 9 sueco confirma: luta pelo título será a dois

Não restam grandes dúvidas: a nove jornadas do fim e com nove pontos de avanço do primeiro em relação ao terceiro classificados, a luta pelo título ficará reduzida a Sporting e Benfica. Os leões estão agora na dianteira, com mais um jogo (as águias adiaram a partida com o Gil Vicente para se prepararem melhor para a receção ao Barcelona) e se houve algo que se extraiu desta 25.ª jornada foi o fosso de qualidade entre os dois rivais de Lisboa e o FC Porto, derrotado em Braga com toda a justiça.

Se até há umas semanas gerava-se a legítima crença a respeito de um nivelamento por baixo dos três grandes, os tempos recentes têm revelado uma melhoria consistente dos encarnados (muito por culpa das boas decisões no mercado de inverno); faltava, no entanto, perceber como e quando os verdes e brancos fariam o mesmo. Isso foi visível em Rio Maior, com esse detalhe que faz toda a diferença: Gyokeres parece estar de volta à melhor forma e com o sueco em alta toda a equipa melhora e ganha confiança. A dinâmica e volume de jogo da primeira parte frente ao Casa Pia fizeram lembrar o melhor Sporting da época (o de Amorim) e o modo como o  jogo acabou, com o enésimo lançamento longo para o panzer de Alvalade que por pouco não fez o hat trick dizem bem da saúde que o ponta de lança exibe novamente. Tem razão Rui Borges para sorrir: com o melhor jogador da prova a voltar aos níveis do passado, o sonho do bicampeonato fica bem vivo, ainda que numa disputa acesa - e agora sim, um pouco mais nivelada por cima, com um Benfica que tem plantel para se manter em várias frentes, sem poder desculpar-se com um eventual desgaste por causa da UEFA Champions League.

Tudo se desenha, portanto, para podermos ter uma final no Estádio da Luz, na 33.ª e penúltima jornada, na segunda semana de maio, quando as duas equipas se defrontarem. Resta saber, nesta disputa pelos lugares cimeiros, que destino está reservado aos dragões. Porque nove jogos depois da chegada de Martín Anselmi, pouco ou nada de diferente, para melhor, se vê na equipa. Tirando a mudança tática feita a ferros para jogadores de perfil questionável para aquilo que o argentino pretende, o FC Porto é uma equipa previsível, sem que dali se perceba, sequer, uma ideia subjacente. E quando se olha para Samu e recordamos o que ele fez nos tempos de Vítor Bruno e o que faz agora é caso para dizer que as saídas de Nico González e Galeno em janeiro não podem explicar a esta quebra geral que não dá sinais de retoma. Até porque já não sobra muito tempo.