Ataque a Schmidt? Roger that!
Roger Schmidt (Foto: IMAGO)

Ataque a Schmidt? Roger that!

OPINIÃO04.01.202410:00

Alemão viveu momento difícil devido ao clima demasiado negativista criado à sua volta

Aqui que ninguém nos ouve, será que já podemos dizer, baixinho, quase sussurrando, só entre nós, que houve mesmo, terá de ter havido,  perseguição, ligeiro bullying vá, uma embirrenta má vontade certamente com Roger Schmidt? Já foi há um tempo considerável, é possível que já não se recordem. 

No futebol, um dia apenas às vezes parece uma eternidade. Mas lembram-se da assobiadela monumental e dos copos a voar na direção do técnico do Benfica quando este decidiu contrariar a opinião quase generalizada e repetida ad nauseam de que não sabia fazer substituições e fê-las na mesma? Foi mais ou menos assim, não foi? Tirou João Neves, menino-bonito das bancadas e que ele precisamente lançou. Embirração sua de certeza, um escândalo!

Já depois de ganhar a Supertaça, a bola de neve avolumou-se com as derrotas na Europa e não perdeu embalagem sequer com os triunfos diante de FC Porto, o segundo, e Sporting. Era a mensagem que não passava ou os jogadores que não estavam com ele. A equipa jogava horrivelmente. Era preciso um segundo avançado ou um terceiro médio. Copiou até Jesus com o terceiro central. O homem estava perdido. E, ainda por cima, nem uma palavra em português. Miserável. Após tantas conclusões precipitadas, várias meias-verdades e algumas completas mentiras, complementadas com o mau feitio do próprio em alguns momentos, estava dado o tom para o literal tiro ao boneco, com este a sentar-se, fuzilado, na sala de Imprensa, a dizer que tinha de pensar na vida. É bom olhar agora e ver o longo caminho que Schmidt percorreu desde então. Para já, por mais uns jogos, parece afastada a demissão.

Ironias à parte, é difícil explicar isto. É por ser alemão? Por ter mau feitio? Todos os treinadores merecem ter o seu tempo de desnorte, passar por momentos menos lúcidos e até, na minha perspetiva, não ganhar nada. O importante é perceber como reagiram. Se tentaram novas soluções ou se cairam no marasmo. E Schmidt nunca atirou a toalha. Certo é que, em seis meses, apontou-se a porta de saída a um treinador campeão e ainda na luta por todas as provas, já depois de os rivais terem ultrapassado épocas igualmente menos produtivas. Só acontece num país com uma cultura desportiva de terceiro mundo. 

P.S. A Liga encomendou um estudo a si própria para provar, talvez a si própria, que o campeonato é competitivo. Se os problemas se resolvessem com propaganda...